segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A Diocese de Caxias do Sul acolhe a 36ª Romaria da Terra



por Dom Alessandro  Ruffinoni 
e Padre Izidoro Bigolin
A Diocese de Caxias do Sul acolhe, em Bento Gonçalves, a 36ª Romaria  da Terra. Este evento é compromisso de todas as dioceses do Rio Grande do Sul, compromisso permanente da CNBB Sul 3 e será realizado no dia 12 de fevereiro de 2013, na comunidade de  Bom Pastor - no parque municipal da ABCTG – Associação Bento Gonçalvense dos Centros de Tradições Gaúchas.
A história da região Nordeste do Estado está intimamente ligada à história da colonização feita por imigrantes, vindos da Europa, destacando-se os de origem italiana, alemã e polonesa. Estes fizeram a “grande romaria” ou “peregrinação” na busca de mais vida e dignidade. Aqui chegaram alimentados pela esperança de ter terra, trabalho e condições dignas para um bem viver. Carregaram na bagagem os valores recebidos da pátria-mãe: a fé, expressões da religiosidade popular  de modo especial manifestadas na devoção à Nossa Senhora e aos santos  e, ainda, os valores indispensáveis da família e da comunidade-Igreja.
A porta de entrada para a região de Bento Gonçalves foi o “casarão”, denominado de “barracão”. Hoje, este nome denomina o bairro Barracão. Os imigrantes ali chegavam e permaneciam reunidos até receberem suas terras – pequenas propriedades – ao longo das famosas e ainda existentes “linhas” ou “travessões” rurais. O desafio era construir um lugar para morar, plantar e colher; primeiro para sobreviver e depois, através da comercialização, ter melhores condições de vida. Aos poucos foram surgindo pequenos núcleos com nomes próprios para a identificação. O primeiro nome para a região foi “Cruzinha” e, aos poucos, foram construindo pequenas igrejas, cemitérios, salões comunitários. A este conjunto foi dado o nome de Capelas, verdadeiros centros de oração, lazer e solidariedade.
A forma como foi feita a colonização em pequenas propriedades rurais foi uma verdadeira reforma agrária. O trabalho familiar nas pequenas propriedades gerou desenvolvimento humano, social e econômico. A prova está no número de cidades que existem em toda a região Nordeste do Estado.
Ao longo dos anos, percebeu-se que era preciso garantir uma melhor organização e ter instrumentos próprios na luta pelos direitos. Há mais de 80 anos surgiram cooperativas e há mais de 50 anos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs), com a  iniciativa e apoio da  Igreja.
Hoje, a realidade dos  agricultores exige um desenvolvimento sustentável que apresenta como desafios: a participação cidadã da família agricultora, a garantia da segurança alimentar  e nutricional, a valorização da agricultura familiar, o controle e informações dos avanços tecnológicos, a permanência do jovem na roça  e resgate da auto estima da família agricultora. Cumpre destacar que os migrantes estão nas cidades e também nas áreas rurais. O fenômeno da migração traz uma nova configuração à pequena propriedade, à família e à própria comunidade.
É a partir desta história, caminhada e desafios que a Diocese de Caxias do Sul acolhe, em Bento Gonçalves, a 36ª Romaria da Terra. O tema da Romaria é: “Terra, Vida e Cidadania” e o lema: “Terra e Cidadania: princípios do bem viver”. 

Bem vindos à 36ª Romaria da Terra. A Diocese de Caxias do Sul, juntamente com a CPT-RS, acolhem a todos, com alegria e ternura, em comunhão com a Igreja do Rio Grande do Sul.

Dom Alessandro Ruffinoni é Bispo Diocesano de Caxias do Sul
Padre Izidoro Bigolin é Pároco da Paróquia Santo Antônio, em Bento Gonçalves e Vigário Geral da Diocese de Caxias do Sul.

Dom Humberto... Lágrimas de compromisso com a Justiça e a Paz

Por Pilato Pereira - blog Olhar Ecologico
Irmão Antônio Cechin também chorou quando relatou seu encontro com o ex-presidente Lula, em que pode dizer-lhe: “Feliz é o Brasil que tem um presidente que chora sobre os catadores, a mais humilde categoria dos que constroem a nação!”. Irmão Cechin se referia ao fato de o então presidente da República ter se emocionado a tal ponto de não conter as lágrimas ao se referir aos catadores e moradores de rua, durante uma entrevista de avaliação de seu governo em 2010.
Algo semelhante aconteceu na Catedral Nacional da Santíssima Trindade, em Porto Alegre, no dia 09 de dezembro, Segundo Domingo do Advento, Dia da Bíblia, com a Sagração Episcopal do Revendo Humberto Eugenio Maiztegui Gonçalves. Eleito pelo povo e pelo clero da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Revendo Humberto, que é doutor em teologia bíblica, professor no SETEK e na ESTEF, foi sagrado bispo numa celebração muito animada, com forte presença ecumênica, de lideranças eclesiais da Igreja Anglicana e, sobretudo uma fervorosa participação do povo das diversas comunidades da sua Diocese.
Numa celebração como esta sempre tem os momentos de forte emoção, mas em duas situações, as lágrimas do novo bispo foram muito simbólicas. A meu ver, representaram a expressão mais intimida do seu fiel compromisso de amor a Deus e aos pobres. Ao motivar a comunidade para a saudação da paz, convidando para catar o refrão “Quando olho em você, eu vejo em você a Paz do Senhor”, o bispo Humberto chorou. E ao ouvir as palavras calmas do representante indígena, o jovem Guilherme Benitez (Verá Mirim), do Povo Mbyá Guarani, o novo bispo também não conteve as lágrimas.
Claro que tudo foi importante naquela celebração, todos os ritos, todas as falas, a pregação da Reverenda Carmem, da Diocese Anglicana da Amazônia, a valoração de comunidades historicamente excluídas (surdos, deficiência física, jovens, mulheres, índios...). Enfim, tudo foi muito importante e nos fez renovar a fé, o amor e a confiança em Deus e na comunidade. Mas, quero salientar o simbolismo que percebo nestes dois momentos relatados, em que o bispo eleito chorou: na saudação da paz e nas palavras do índio guarani.
Podemos parafrasear Irmão Antônio Cechin e dizer “feliz a Igreja que tem um bispo que chora com a saudação da paz e com as palavras de um índio”. Certamente, a paz não lhe representa apenas uma palavra, mas todo sonho e a luta pela justiça. Para o bispo que derramou suas lágrimas, a Paz do Senhor é sentida ao olhar, acolher e abraçar o próximo. E ao chorar diante das poucas e calmas palavras do índio guarani, certamente o bispo ouviu todo o clamor histórico expresso no silêncio deste povo sofrido. Na fala mansa do jovem guarani, o bispo ouviu o grito de Sepé Tiaraju que não queria morrer nem perder a terra que Deus havia dado a seu povo. E suas lágrimas expressam o que deve ser mais que um sentimento, o compromisso da Igreja para com os índios e todos os pobres, o anúncio da Boa Nova a toda a criação e o testemunho da fé no serviço em favor da justiça e da paz.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Oração da 36ª Romaria da Terra


Pai querido, pedimos vossa bênção para esta Romaria da Terra. Caminhai sempre conosco nas romarias de nossas lutas. No cuidado à Mãe Terra, no esforço do bem viver, no exercício de nossa cidadania. Com o Espírito de Jesus, queremos ser partículas de vosso Reino na Agricultura Familiar e Ecológica, nas Pastorais, Movimentos Populares, Sindicatos e Cooperativas.
Abençoai Senhor, os jovens do nosso tempo. Confirmai seus sonhos de vida nas famílias, nas comunidades, na economia solidária e na busca de mais vida.
Obrigado, Pai querido, pelo bem que sempre nos ajudastes a fazer. Libertastes os escravos da casa da tribulação de todos os tempos. Com São Sepé e os povos guaranis, batizastes nossa terra com as comunidades d e vida. Nesta Diocese, em Água Azul, o sangue do Padre Cristóvão de Mendoza foi semente de uma Igreja de fé e de organização do povo.  Aqui, neste chão de Romaria, foi erguido o primeiro BARRACÃO, que acolheu milhares de famílias de imigrantes. Esta Serra Gaúcha se tornou a Terra Prometida, uma abençoada experiência de Reforma Agrária.
Pai querido e Deus da Vida, como Maria, a primeira discípula de Jesus, queremos conservar no coração o encantamento pelo  vosso Reino,  de Fraternidade e de Vida.
AMÉM.  AXÉ.  ASSIM SEJA.

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36ª Romaria da Terra e Acampamento Jovem 

36ª Romaria da Terra em Bento Gonçalves-RS

36ª Romaria da Terra

Bento Gonçalves-RS - Diocese de Caxias do Sul
12 de fevereiro de 2013
Tema: “Terra, Vida e Cidadania
Lema: “Terra e Cidadania: princípios do bem viver”. 
Local: Comunidade Bom Pastor
Parque Municipal ABCTG
Mais informações:
e-mail: coord.pastoral@diocesedecaxias.org.br
telefone: (54) 3211 5032

Acampamento Jovem
10 e 11 de fevereiro de 2013
Tema: Juventude e ecologia com subtemas relacionados
Local: Parque Fenachamp - Garibaldi (RST 470, Km 228)
A Acolhida aos participantes e início das atividades está prevista para às 18h do domingo, dia 10. 
Mais informações:
e-mail: coord.pastoral@diocesedecaxias.org.br
telefone: (54) 3211 5032

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Repartir o Chão Para Multiplicar o Pão - Reforma Agrária no Chão


por Oldi Helena Jantsch*
Por que não, o governo desapropriar as áreas devolutas, improdutivas ou suas próprias áreas para fazer assentamentos? Olha só que maravilha as famílias assentadas no Assentamento São Pedro de Encruzilhada do Sul-RS, conhecido popularmente como Assentamento da Quinta, tem diversidade de produção. Neste assentamento ligado ao MST são 45 famílias assentadas e boa parte destas famílias produz leite, verduras, peixes e frutas. 
A foto é da produção de pêssego da Beloni, que neste ano deverá colher 2.000kg. Ela juntamente com outros agricultores vende o pêssego na beira da rodovia.
Nós da CPT achamos que nesta região deve ter um entreposto para a venda dos produtos da Reforma Agrária. 
Quando vejo estas famílias e sua produção cada vez mais me convenço, “Repartir o Chão para Multiplicar o Pão”, Reforma Agrária é Solução!
Arroz Sequeiro
Se as águas já estão tão contaminadas e comprometidas com grandes irrigações de arroz e outras culturas com utilização de muito agrotóxico. Por que não plantar arroz sequeiro, variedade crioula e resistente que se adapta bem a pouca água e produz bem? O arroz tem grande produtividade e é um alimento que nossos avós produziam e conheciam muito bem.
Que tal produzir arroz como a família da Danieli Kovalski Jasniewcz de Encruzilhada do Sul-RS, que produz arroz e descasca em um descascador próprio da família.
É bom lembrarmos que os Assentamentos da Região Metropolitana de Porto Alegre produzem mais de 100 mil sacas de arroz orgânico. É arroz irrigado provando que o arroz irrigado pode ser produzido de forma orgânica.
Não use plásticos!
Não usem embalagens de plástico, pode fazer como eu faço, utilizo bolsa de palha de trigo e também de tecido. Como esta bolsa feita de calça Jeans velha. Esta sacola é muito resistente, protege o meio ambiente por que estamos reutilizando fazendo outro produto.
Por fim, use chapéu de palha!
Abraços e bom final de semana.
*Oldi Helena Jantsch, conhecida por Tiririca, faz parte da CPT da Diocese de Santa Cruz e CPT-RS.

domingo, 2 de setembro de 2012

Agroecologia é Tema de Tarde de Campo

Agricultores e agricultoras de Cruzeiro do Sul participaram no dia 28 de agosto de Tarde de Campo sobre Agroecologia na propriedade do agricultor Selvino da Costa em Passo do Corvo, interior do município de Arroio do Meio, com o tema “Construindo a Agroecologia no Vale do Taquari”. A iniciativa dos agricultores de Cruzeiro em participar se deve ao Encontro de Sementes Crioulas organizado em Cruzeiro do Sul pela Comissão Pastoral da Terra-CPT Diocesana e o Sindicato de Trabalhadores Rurais no dia 06 de agosto.
A tarde de campo foi iniciativa foi da Articulação da Agroecologia do Vale do Taquari-AAVT e da EMATER de Arroio do Meio. A CPT e o STR fazem parte da AAVT
Os cerca de 150 participantes de vários municípios da região circularam em 4 oficinas temáticas, a saber: 1ª Estação – Manejo Ecológico do Solo. Onde o agricultor Selvino teve a oportunidade de explicar o processo de recuperação do solo e da implantação do pomar de pêssegos em sua propriedade, o Agrônomo Lauderson Holz abordou a importância do Manejo Ecológico do Solo. 2ªEstação – Princípios Agroecológicos. O Agrônomo da EMATER Regional, Derli Bonini, falou do controle biológico de “pragas e insetos”que é a base para qualquer sistema Agroecológico. Falou ainda de técnicas de controle de doenças e insetos com produtos naturais promovendo o equilíbrio biológico. 3ªEstação – Políticas Públicas de Incentivo – Conduzida pelos Agrônomos Lauro Bernardi e Paulo Konrath da EMATER Regional. Tipos de créditos disponíveis, critérios e condições de acesso. 4ªEstação – Feira Livre e Mercado para os produtos ecológicos – As agricultoras do grupo Ecológico de Forqueta, Arroio do Meio, falaram da experiência de produção ecológica que o grupo desenvolve há mais de 10 anos. As famílias produzem hortaliças ecológicas diversas e colocam em alguns mercados e especialmente na Feira Ecológica que ocorre todo sábado pela manhã. Mauro Stein falou do Programa de Aquisição de Alimentos-PAA, que é um programa muito bom para comprar diretamente alimentos produzidos por famílias e grupos de agricultores e agricultoras.
Apesar do dia nublado e chuvoso a Tarde de Campo foi muito proveitosa pelos agricultores em geral especialmente os agricultores e agricultoras de Cruzeiro do Sul, que voltaram mais convictos da importância de incentivar a Agroecologia em Cruzeiro do Sul e também do apoio a feira que acontece todos os sábados pela manhã em Cruzeiro do Sul. Participe da Feira de Cruzeiro do Sul. Compre dos agricultores e agricultoras que se dedicam para levar para a feira verduras e pães fresquinhos e de qualidade!
A Pastoral da Terra que atua em nível de Diocese irá realizar o 13ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas em Cruzeiro do Sul em 2013, este encontro será fundamental para fortalecer iniciativas como a Feira de Cruzeiro e a valorização dos agricultores e agricultoras que trabalham com sementes crioulas e os interessados em ter novamente as sementes. O Encontro Diocesano de Sementes Crioulas será para difundir e aprofundar a agroecologia no município e região.
A tarde de campo foi encerrada com degustação de alimentos ecológicos.
Por Comissão Pastoral da Terra Diocese de Santa Cruz do Sul.
Foto: Jornal Pé na Terra (agricultores de Cruzeiro do Sul com o Grupo de Agricultores Ecologistas de Forqueta, Arroio do Meio).

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

EJR envia jovem para Intercâmbio na Alemanha


Dia 19 de agosto na festa da Comunidade São Vendelino de Forqueta, Arroio do Meio, foi feito bênção de envio de Cândida Taís Maders que irá representar nossa Diocese em um intercâmbio na Alemanha. Cândida é uma jovem da roça que participou da EJR e é uma ecologista e foi indicada pela coordenação da Escola de Jovens Rurais para ir pra Alemanha. Cândida recebeu a bênção do Pe. Paulo e a força de toda a comunidade.
Depois de 10 anos de Intercâmbio entre as Dioceses de Santa Cruz do Sul e Rottenburg/Stuttgart da Alemanha será a primeira vez que jovens do Brasil, Argentina e México vão para a Alemanha participar deste Intercâmbio. A EJR desde o início recebe jovens alemães deste projeto de Intercâmbio onde os jovens realizam um trabalho voluntário em projetos sociais. 
Junto com a Cândida no dia 2 de setembro irão também Yasmin Amaral Zacca de Porto Alegre, 2 jovens argentinos e 2 mexicanos, permanecendo na Alemanha por 1 ano.
Além da nossa Diocese está envolvida as Dioceses de Cachoeira do Sul, São Leopoldo e Porto Alegre.
Fonte: CPT Diocese de Santa Cruz

As crianças e as sementes crioulas


Dia 14 de agosto a professora Grasiela Jantsch dos Santos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Adelino Lopes da Silva de Cruzeiro do Sul reuniu seu grupo de alunos para fazer uma prática com sementes crioulas. A coordenadora Diocesana da Comissão Pastoral da Terra, Oldi Helena Jantsch, falou para as crianças sobre a importância das sementes crioulas e do meio ambiente, fez brincadeiras e distribuiu sementes de feijão olho-de-cabra para as crianças levarem para suas casas e plantarem com seus pais. Um lindo feijão que pode ser para fazer artesanato e também para alimentação, pois, é muito nutritivo.
Também conversou com professores sobre o 13ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas que irá acontecer em Cruzeiro do Sul em 2013 e da importância da participação dos jovens e professores. Encontro que irá abordar muito forte a questão ambiental e as alternativas.

Os jovens da EJR e a festa de Nossa Senhora de Czestochowa


No dia 15 de agosto na festa de Nossa Senhora Czestochowa em Dom Feliciano, os jovens da EJR organizaram uma Banca com sementes crioulas e produtos produzidos em suas propriedades. Na missa os jovens levaram uma cesta com produtos por eles produzidos e na banca distribuíram e trocaram sementes com os participantes da festa. 
Este dia serviu para fortalecer ainda mais o trabalho da EJR e da CPT na região e para planejar as próximas ações a serem realizadas na região entre elas, o 22ºSeminário Estadual de Alternativas a Cultura do Fumo que irá acontecer dias 22 e 23 de novembro. Em Dom Feliciano tem um grupo de jovens que participam da Escola de Jovens Rurais que são muito especiais, por que assumiram com muita alegria a agroecologia e as sementes crioulas.
A preservação das sementes é garantia de alimentos de qualidade e saudáveis. Viva a agroecologia. 
Fonte: CPT Diocese de Santa Cruz

Encontro de Sementes Crioulas em Cruzeiro do Sul


Pastoral da Terra realizou Encontro de Sementes Crioulas em Cruzeiro do Sul no dia 06 de agosto de 2012. Com apoio do Sindicato de Trabalhadores Rurais e da Paróquia São Gabriel Arcanjo o encontro reuniu cerca de 30 pessoas. Foi o objetivo do encontro reunir especialmente os agricultores e agricultoras que se dedicam ao trabalho com as sementes crioulas, por isso um grupo mais reduzido e para os organizadores uma prévia do 13º Encontro Diocesano de Sementes Crioulas que será realizado em Cruzeiro do Sul em 2013 que será discutido e preparado conjuntamente com este grupo tão especial de agricultores e agricultoras.
Além de partilha de sementes e de experiências, música o grupo assistiu e debateu o filme “O veneno está na mesa”que trás presente a problemática dos agrotóxicos.  Foi encaminhado realizar outro encontro no dia 18 de outubro e também que o grupo vai participar da tarde de campo sobre agroecologia realizada pela Articulação da Agroecologia do Vale do Taquari-AAVT no dia 28 de agosto em Arroio do Meio.
Fonte: CPT Diocese de Santa Cruz

CPT - RS realiza etapa de formação em Rio Pardo


Aconteceu nos dias 6, 7 e 8 de agosto em Rio Pardo, na Casa Jesus Maria José, a 2ªEtapa do Curso de Novos Agentes da Comissão Pastoral da Terra do RS. Ao todo estiveram presentes 28 pessoas de várias regiões do estado. A equipe da CPT Diocesana marcou presença com 9 participantes. O tema foi “Estudo do Campesinato”e teve assessoria do Professor Cesar Goes que é sociólogo e da Antropóloga Tanussa Simas, que fez o estudo antropológico do Quilombo da Quadra de Encruzilhada do Sul.
Um dos dias dedicou-se a estudar as Comunidades Quilombolas, seus costumes, tradições, organização e luta. Além de aprofundar todos os passos e o processo para o reconhecimento de território quilombola. Adair David e Tiago David, lideranças do Quilombo Rincão dos Negros de Rio Pardo e participantes da CPT levaram todo o grupo no dia 7 para visitar o Quilombo, certamente um dos pontos mais altos do encontro.
Em nossa Diocese existe 3 Quilombos reconhecidos pelo INCRA, são eles: São Roque de Arroio do Meio, Rincão dos Negros de Rio Pardo e Quilombo da Quadra de Encruzilhada do Sul.
Fonte: CPT Diocese de Santa Cruz

quinta-feira, 12 de julho de 2012

CELEBRAÇÃO DO DIA DO AGRICULTOR E DA AGRICULTORA


Observações: esta liturgia pode ser realizada no dia 25 de julho ou na data mais próxima, também celebrar num ambiente junto da natureza, como horta e sombra de árvores. Providenciar os símbolos: Bíblia, terra, água, cruz, sementes, alimentos, pano branco, ferramentas... 
LEMA: Cuidar da Vida se faz necessário
ACOLHIDA:
Sejam bem vindos(as), irmãos e irmãs. Aqui nos reunimos nesta celebração e somos todos convidados e convidadas a rezarmos ao Deus da vida e agradecer por todos os dons que recebemos nas nossas vidas. Hoje é uma data especial em que celebramos o dia do agricultor e da agricultora. São esses trabalhodores que cuidam da terra e semeiam a boa semente que se transforma em frutos que chegam nas nossas mesas.
Nesta celebração queremos fazer um gesto de reconhecimento, gratidão e carinho por tudo que recebemos da nossa mãe terra e do trabalho dos agricultores e agricultoras.
Iniciemos nossa celebração com a canção nossa alegria é saber que um dia todo povo se libertará, enquanto acolhemos a terra, a cruz envolta em pano branco, a bíblia, sementes, ferramentas.....
ATO PENITENCIAL:
Deus está presente na nossa vida, no trabalho, na família, na comunidade, na nossa roça, enfim, caminha conosco. Agora, nos resta a pergunta: como e quando acolhemos a Deus? Será que tratamos bem a terra e a água? Estamos cuidando bem da natureza e dos seres vivos? 
Por todas às vezes que ferimos e agredimos a natureza com o uso de venenos e agrotóxicos que poluem o meio ambiente e adoecem as pessoas que trabalham a terra e as que consomem alimentos envenenados. Confessemos os nossos pecados e os erros que cometemos na relação com a terra, a água, os seres vivos, as pessoas e pedimos o perdão a Deus cantando.....
MOMENTO DE LOUVOR:
Louvemos a Deus por todas as coisas que existem na terra. Pela diversidade de sementes que são patrimônio da humanidade e que produzem muitos frutos; pelos animais e plantas que embelezam e nos dão o alimento essencial à vida.
Cantemos "Eu louvarei..."
ORAÇÃO:
Ó Deus criador de todas as coisas que existem na terra! Nós vos pedimos: olhai para nós e para todos os agricultores e agricultoras. Daí-nos força, resistência, coragem e esperança. Pedimos saúde e a graça da boa convivência. Acompanhai com vossa proteção os nossos trabalhos, as lutas por direitos e vida digna. Orientai nossos pensamentos para que possamos trabalhar e viver com amor e respeito com a terra e os seres vivos. Ajudai-nos a cuidar das sementes, patrimônio da humanidade, da água e da biodiversidade. Tudo isso pedimos o Deus, com Jesus Cristo e o Espírito Santo. Amém.
ACOLHIDA DA PALAVRA: 
Vamos acolher o livro que contém a Palavra de Deus, dos profetas, de Jesus Cristo, dos Apóstolos. Vamos acolher a Bíblia em nosso coração para que ela seja a lâmpada para nos nossos pés e luz para o nosso caminho.
Cantemos: põe a semente na terra ...
Primeira Leitura: Miquéias, 2,1-5
Evangelho: Marcos, 4,1-12
MEDITAÇÃO DA PALAVRA:
Para a meditação, utilizar os textos bíblicos ou os textos de reflexão com dados e informações contidos neste folheto. 
- Como está a vida de agricultor e agricultora?
- Quais as coisas boas que a gente celebra na roça?
RENOVAÇÃO DA FÉ:
Vamos estender as mãos em direção as ferramentas que são os instrumentos de trabalho da roça e das sementes que trouxemos e rezar o Credo, renovando nossa aliança com o criador da Vida e reafirmando nossos compromissos com o Reino de Deus.
ORAÇÃO DA COMUNIDADE: 
Deus conhece nossa fé, sabe dos sofrimentos e compreende nossos sonhos. Tenhamos a humildade de, comunitariamente, dirigir ao Senhor da Vida as nossas preces e orações. Rezemos espontaneamente, em voz alta ou em silêncio. E após cada prece, respondamos: Senhor da vida, ouvi nossa oração.
Fica a critério da  equipe de liturgia formular preces e intercessões ou motivar a participação da assembléia.
OFERTÓRIO:
Sabemos que repartir os frutos da natureza é ofertar a Deus os dons que são seus. Por isso, aqui ofertamos os frutos da terra cultivada com a ternura humana. 
Pode se ofertar pão, vinho e outros alimentos. De acordo com as possibilidades e opções da comunidade, pode haver a Celebração da Eucaristia. Recomendamos que seja bem valorizada a oração do Pai Nosso (versão ecumência), o abraço da paz e a partilha dos alimentos.
AVISOS:
No momento de avisos e encaminhamentos da comunidade, pode se dar informações sobre atividades das pastorais e movimentos sociais e divulgar ações locais ou próximas.
AÇÃO PRÁTICA:
Incentivar a comunidade a fazer uma roça comunitária com objetivo de exercitar o trabalho comunitário, partilhar os frutos e garantir a unidade na comunidade. Também plantar árvores e reciclar o lixo produzido na propriedade.
BÊNÇÃO:
Deus, qual um camponês, semeador, que todos os dias cultiva a terra e nela semeia sementes de vida, amor, esperança, justiça e paz, abençoe-nos e nos conduza em teus caminhos. Abençoe a quem trabalha na terra, para que continuem perseverando na vocação camponesa. Abençoe-nos hoje e sempre, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém

Extraído do material comemorativo ao dia 25 de Julho (2012) - Dia do/a Camponês 


quarta-feira, 27 de junho de 2012

SOJA TRANSGÊNICA ESTERILIZA MULHERES


Cientistas russos alertam por meio da Associação Nacional para a Segurança Genética da Rússia, que alimentação com soja GM (Geneticamente Modificada) causa esterilidade até a terceira geração, como também a aumento da mortalidade de fetos.
Esta descoberta foi a partir de pesquisas com outros mamíferos, entre eles os que apresentaram resultados mais significativos foram os suínos. Lembre-se que o suíno é um dos mamíferos com quem temos mais similaridade genética (insulina usada em humanos, por exemplo, é removido do pâncreas deste animal).
Não é de hoje que é de conhecimento da comunidade científica internacional que o consumo de alimentos GM tem aumentado significantemente o o aparecimento de câncer e deformidade em fetos, entre outras doenças como alergias, diminuição da imunidade, entre outros.
Mesmo com todas essas provas, nossos representes políticos são incapazes de acabar com a comercialização de plantas GM ou de pelo menos aumentar o rigor da fiscalização e rotulagem, ao contrário, cada vez mais fortalecem as empresas desse setor que por sua vez tem forte lobby junto a parlamentares, governantes e cientistas. 
E no final das contas, quem será responsável pelo aumento de câncer em crianças e pelo aumento de infertilidade?
Essa questão (consumo de alimentos transgênicos) esta totalmente ligado ao poder dos consumidores/as. São as pessoas comuns que têm que tomar uma atitude e se informar melhor sobre os alimentos GM, atentando para produtos que possuam a rotulagem como transgênicos e observando também quem são os políticos que defendem os transgênicos...

Extraído do site "Cá Prá Nós", informativo da Associação Agroecológica Tijupá (www.aatijupa.org)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Antonio Cechin, irmão marista, Profeta da Ecologia


Publicado por IHU On-Line, na edição de segunda-feira, 18 de junho de 2012.
Onem, domingo, dia 17 de junho, celebramos os 85 anos de vida de Antonio Cechin.
Antônio Cechin, irmão marista, miltante dos movimentos sociais, autor do livro  Empoderamento Popular. Uma pedagogia de libertação. Porto Alegre: Estef, 2010. Ele publica, periodicamente, os seus artigos nas Notícias do Dia do sítio do IHU. A última, intensamente comentda e debatida, se intitula Carroças em Porto Alegre, um símbolo.
A celebração do aniversário foi realizada ontem, domingo, no salão da Igreja Na. Sa. da Pompéia, na Barros Cassal, em Porto Alegre.
Muitos militantes dos movimentos sociais do Rio Grande do Sul estiveram presentes. Foi destacada a presença de dezenas de participantes do movimentos de catadores e recicladores de Porto Alegre e região metropolitana, os Profetas da Ecologia.
Esteve presente igualmente Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul - PT e Adão Villaverde, pré-candidato à prefeitura de Porto Alegre pelo PT.
Pe. Agostinho Sauthier, secretário executivo do Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB destacou o trabalho catequético e ecológico de Antônio Cechin.
Irmão Antônio Cechin - um apaixonado pelo povo
Antônio Cechin influenciou uma geração de militantes no Rio Grande do Sul e no país. Foi o criador da Romaria da Terra, da Romaria das Águas e idealizador da missa em honra a São Sepé Tiaraju. É também co-fundador do Movimento Nacional Fé e Política. Foi perseguido pela ditadura militar, preso e torturado. Incompreendido em sua própria Congregação religiosa, o Ir. Antônio Cechin dedicou a sua vida em defesa dos mais pobres.
Atualmente, é Agente de Pastoral em diversas periferias da região metropolitana de Porto Alegre, assessor de Comunidades Eclesiais de Base do Rio Grande do Sul, dos catadores e recicladores. Desempenha ainda a função de coordenador do Comitê Sepé Tiaraju e daPastoral da Ecologia do Regional Sul-3 da CNBB.
Um pouco da vida do Ir. Antônio Cechin pode ser conhecida através de duas entrevistas que concedeu ao IHU On-Line. A primeira delas publicada no dia 23-02-2007, intitulada “A utopia da Terra sem males”.
E a segunda, mais recente, recordando os seus 80 anos de vida, publicada na revista IHU On-Line, edição 223, 11-06-2007, intitulada “Os pobres me evangelizaram”.
Alguns depoimentos de militantes e amigos do Ir. Antônio Cechin também podem ser lidos na edição da Revista IHU On-Line n. 223, 11-06-2007. Nas Notícias do Dia pode ser lido o depoimento de João Pedro Stédile que foi lido por ocasião da celebração dos 80 anos.
Ao Ir. Antônio Cechin as nossas homenagens pelos seus 85 anos e agradecimento pelo exemplo de vida e dedicação aos pobres do Reino.
Fonte: IHU On-Line

segunda-feira, 18 de junho de 2012

12º Encontro de Sementes Crioulas: Sementes Crioulas “Patrimônio dos Povos”


Aconteceu no dia 13 de junho de 2012 em Vale do Sol-RS, o 12ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas. O encontro que é organizado todos os anos pela CPT Diocesana em municípios diferentes, reuniu mais de 450 participantes de vários municípios da região, sendo a maioria pequenos agricultores(as) e jovens da roça envolvidos na preservação e multiplicação de sementes crioulas, além de grupos de produção ecológica. 
O encontro contou com uma profunda espiritualidade conduzida pelo Padre Pedro Bernardo Rockenbach e o Pastor Claudinei Stack que refletiram o texto bíblico de Isaías (65, 17-25)”O novo céu e a nova terra”. Trazendo a mensagem para os dias de hoje, o sonho de termos uma sociedade mais justa, fraterna com ecologia e justiça social.
Em seguida, após a abertura, houve a palestra da Nutricionista Regina Silva Miranda que abordou a importância do tema das sementes crioulas para a segurança e soberania alimentar dos povos do mundo inteiro. Segundo ela “somos o que comemos, devemos priorizar os alimentos da época e da região. Ali-mento, é aquele que está próximo e lá-mento é a alimentação que viaja km e mais km, custando ao meio ambiente além de ser cheia de veneno, e que não alimenta”.Ela ainda reforçou a importância dos alimentos ecológicos e que são infinitamente superiores aos alimentos produzidos com agrotóxicos. Lembrou ainda “se vocês estiverem em um lugar para almoçar ou jantar e estão na dúvida do que comer. Feijão e arroz sempre é a melhor escolha, o feijão com arroz é o prato brasileiro e que só faz bem”. “Não mais que 10 empresas no mundo controlam as sementes, os alimentos, produzem venenos que geram doenças e produzem “medicamentos”, é um círculo vicioso ao qual estamos dependentes”. 
O almoço foi a base de “Prato Forte”que é uma comida típica de Vale do Sol que tem como ingredientes galinha caipira e mais de 20 tipos de temperos e legumes. Acompanhado de 1 copo de suco de uva ecológico.
No início da tarde houve apresentações culturais, com espaço aberto para quem quisesse cantar, e foi muito legal as apresentações, com destaque aos Quilombolas de Rincão dos Negros de Rio Pardo que subiram no palco e cantaram uma música. 
PAIs-Produção Agroecológica Integrada e Sustentável foi a experiência da tarde relatada pelos próprios agricultores e agricultoras de Vale do Sol envolvidos no projeto que integra produção ecológica de hortaliças e criação de galinhas caipiras. Esta experiência chamou a atenção do pessoal, pelo sucesso que está fazendo no município, especialmente por ser a experiência que está produzindo a maioria dos alimentos para a merenda escolar do município.
O encontro é de Sementes Crioulas, ou melhor dos agricultores e agricultoras e suas sementes crioulas sendo este o principal destaque do encontro com a presença massiva de agricultores(as). Quem participou do encontro ficou fascinado pela agro-biodiversidade trazida pelos agricultores(as).  Além da troca de sementes crioulas entre os presentes os agricultores puderam comprar sementes uns dos outros colocando em prática um outro tipo de economia, economia local e solidária. Poderíamos dizer Encontro Diocesano de Sementes Crioulas e Feira da Agrobiodiversidade.
“Trago estas sementes de milho que são produzidas há cerca de 120 anos na minha família, a Pastoral da Terra e os agricultores estão de parabéns por organizar encontros como este, que valorizam o agricultor e suas sementes”, dizia um pequeno agricultor de Formosa, município de Vale do Sol.
Com a grande participação e a linda amostra de Biodiversidade ficou provado que o povo quer as sementes crioulas e ao mesmo tempo uma forma de protesto contra as multinacionais que controlam as sementes, contra os transgênicos e contra os agrotóxicos.
O 13ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas vai acontecer em 2013 no município de Cruzeiro do Sul-RS.
Agradecemos aos agricultores e agricultoras presentes, as entidades de apoio e que ajudaram a organizar este encontro.

Oldi Helena Jantsch e Maurício Queiroz
Pela coordenação do encontro e da Comissão Pastoral da Terra Diocese de Santa Cruz do Sul

Stedile: "Agronegócio tem mais poder econômico que o governo federal"

João Pedro Stedile, dirigente do MST é entrevistado do programa Brasil em Discussão, da Record News.
Na bancada de entrevistadores, Heródoto Barbeiro e Ricardo Korscho.
Assista AQUI a íntegra da entrevista.

terça-feira, 5 de junho de 2012

40 anos do Dia Mundial do Meio Ambiente: um tempo de deserto e conversão

Por Pilato Pereira*
Comecei a acompanhar e celebrar o Dia Mundial do Meio Ambiente, quando criança, na escola, mas desde antes de frequentar a sala de aula, meus pais, em casa e na pequena roça, me educavam para a ecologia. Onde fui assimilando na mente e no coração duas importantes dimensões da ecologia: a ecologia do encantamento, do maravilhar-se pelas dádivas da natureza e a ecologia do cuidado, de sentir-se solidário e não permitir o sofrimento de nenhum ser ou forma de vida. Na base destas duas ecologias tem uma espiritualidade ecológica, um sentimento de que tudo é sagrado e em todas as formas da natureza está a presença de Deus Criador.
Quando criança, no entanto, até percebia alguns descuidos, abandonos e maus tratos com a vida, mas não sabia que era tão agressiva a ação do ser humano contra a Terra em todas as partes do mundo. E foram as celebrações do Dia e da Semana do Meio Ambiente que me despertaram para uma terceira dimensão da ecologia, que é a ecologia da indignação que leva para a militância socioambiental. Com certeza, o Dia e a Semana Mundial do Meio Ambiente tem esta característica. É um momento para que a sociedade humana pense, questione e tome novas atitudes com relação ao meio ambiente. Além do encantamento e do cuidado cotidiano que temos com a natureza, precisamos defender os direitos de todos os seres vivos, a dignidade de todas as formas de vida para que tudo possa viver.
Hoje faz 40 anos que, em 1972, em Estocolmo, na Suécia, no seu primeiro encontro mundial sobre meio ambiente, a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu a data de 5 de junho como o “Dia Mundial do Meio Ambiente”, o Dia da Ecologia. Naquele momento também foi criado o UNEP (PNUMA) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. E se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico.
Depois de 40 anos celebrando o Dia Mundial do Meio Ambiente, o mundo já está repleto de iniciativas e projetos que priorizam a salvaguarda da natureza. Porém, vivemos um momento crítico da civilização humana, em que os problemas ambientais se agravam e emerge a necessidade de dialogar, de somar forças, de partilhar ideias e práticas sustentáveis, ao mesmo tempo em que é premente mobilizar e denunciar. E pensando nisso, surgem alguns questionamentos. Após 40 anos da proclamação da ONU, o meio ambiente está no centro de nossas preocupações? A comunidade humana está desenvolvendo os valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico? Com certeza, as respostas para estas questões de avaliação dos 40 anos do Dia Mundial do Meio Ambiente não estão nos discursos alusivos a esta data, mas nas ações cotidianas das pessoas, nos modelos de empreendimentos das empresas e nas políticas dos governos. 
Nestas 4 décadas a questão ecológica ganhou espaço nos meios de comunicação, nas escolas, nas conversas cotidianas, nos movimentos sociais, partidos de várias tendências, nas pastorais, nas universidades e em vários lugares e espaços da vida social. O meio ambiente ganhou o discurso da nossa geração, virou tema propício para nossas conversas. Agora, porém, cabe-nos uma autocrítica. Neste período em que progredimos tanto na maneira de ver a questão ambiental, evoluímos no debate e alargamos os espaços de ocupação das temáticas ambientais, precisamos interrogar nossas ações e avaliar os resultados das nossas decisões sobre o meio ambiente.
Com tanto debate que a ecologia nos proporcionou, será que realmente mudamos a maneira de pensar e ver a vida? Mudamos nossas arcaicas concepções sobre a natureza, sobre as pessoas e as mais diversas formas de vida? Sim! Estamos preocupados. Mas, estamos decididos a mudar o padrão de consumo, por exemplo? Aprendemos a usar os recursos naturais de forma sustentável? Ainda mantemos nossa ganância, o luxo, a opção pelas facilidades a todo custo, sem nos perguntarmos sobre a capacidade sustentável do planeta e sobre as necessidades das outras pessoas e de outros povos e das futuras gerações?
Já no primeiro encontro da ONU sobre meio ambiente, acima referido, se confirmou que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico. E, hoje, onde estão esses valores e princípios? Se eles existem, então, devem estar movendo nossas ações. A ecologia nos abre os horizontes, nos faz ver a realidade socioambiental, nos interpela para a ação, mas questiona e ilumina nosso agir. Não basta simplesmente agir, é preciso mudar, transformar de dentro para fora.
Como diz o teólogo Leonardo Boff, é preciso mudar nosso paradigma. Ou seja, precisamos mudar a matriz do nosso modelo de sociedade, das nossas concepções, valores, pensamentos, conceitos. Uma mudança de vida para preservar a Terra e tudo o que vive nela, requer uma mudança profunda no ser humano. Em relação a muitas coisas, até podemos fazer opções e tomar atitudes sustentadas por campanhas publicitárias. Mas, as nossas ações ecológicas precisam ser sustentáveis, precisam ser amparadas por valores e princípios fundamentais e profundos. Nosso agir ecológico deve ser consistente, não pode ser descartável e precisa consistir e evoluir de geração em geração. É preciso atitude de conversão, um verdadeiro tempo de deserto, como foram os 40 anos do povo hebreu com Moisés rumo a “Terra Prometida”, relatados nas páginas da Bíblia Sagrada.
Que o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia, nos faça pensar e agir. E também nos ajude a mudar o modo de pensar e agir. Pensar sem agir é anular o pensamento e agir sem pensar é a pura prepotência de achar que se está fazendo tudo certo. Precisamos, não só colocar em prática as nossas teorias, mas teorizar, questionar e refletir sobre nossas práticas. E, se preciso for, temos que ter a coragem de mudar para preservar a vida.
Feliz Dia do Meio Ambiente.
*Pilato Pereira é membro da coordenação colegiada da CPT-RS , mestre em Teologia Sistemática pela PUCRS, com pesquisa em Ecumenismo e Ecologia

domingo, 27 de maio de 2012

Presidenta Dilma veta 12 dispositivos e faz 32 alterações no Código Florestal


A presidente Dilma Rousseff vetou 12 artigos do novo Código Florestal aprovado no Congresso, informaram nesta sexta-feira (25) os ministros da Advocacia Geral da União (AGU), do Meio Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. O objetivo dos vetos é beneficiar o pequeno produtor e favorecer a preservação ambiental, informaram os ministros.
O prazo para sanção do texto, que trata sobre a preservação ambiental em propriedades rurais, vencia nesta sexta. Para suprir os vácuos jurídicos deixados com os vetos, a presidente Dilma Rousseff vai assinar uma medida provisória, que será publicada na segunda-feira (28) no "Diário Oficial da União" juntamente com os vetos, informou o ministro da AGU, Luís Inácio Adams.
"São 12 vetos, são 32 modificações, das quais 14 recuperam o texto do Senado Federal, cinco respondem a dispositivos novos incluídos e 13 são adequações ao conteúdo do projeto de lei. Uma medida provisória deverá ser publicada em conjunto com a publicação dos vetos na segunda-feira", afirmou Adams., disse Adams.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou que a insegurança jurídica e a inconstitucionalidade levaram aos vetos. Ela falou que o objetivo foi também "não anistiar o desmatador, preservar os pequenos e responsabilizar todos pela recuperação ambiental.
"O veto é parcial em respeito ao Congresso Nacional, à democracia e ao diálogo com a sociedade. Foi motivado, em alguns casos, pela segurança jurídica, em outros pela inconstitucionalidade."
Fonte: Midia News
Leia mais sobre os pontos vetados
Veja também AQUI a apresentação sobre os vetos e alterações no Código Florestal, no blog do Planalto ou no slideshare.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

12ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas

Entrevista com o Padre Pedro Bernardo Rockenbach*, sobre o 12ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas da Diocese de Santa Cruz do Sul, que acontecerá em sua Paróquia, São José de Vale do Sol-RS

Pé na Terra – O senhor sempre teve uma ligação com a luta dos pequenos agricultores?
Pe. Pedro – Sou filho de pequenos agricultores de Conventos, município de Lajeado-RS. Por ser filho de pequenos agricultores entendo bem esta luta e por isso estou comprometido e ligado com ela. Fui ordenado padre em 1994 e nas paróquias que atuei (Sério, Canudos do Vale, Boqueirão do Leão e agora Vale do Sol) sempre procurei acompanhar o trabalho dos pequenos agricultores e dar o apoio da minha Paróquia. 
Desde 1983 participo da Romaria da Terra que é a romaria dedicada a causa do pequeno agricultor, da mulher da roça, dos sem-terras e do jovem da roça. Também estive presente quando do surgimento do Movimento dos Pequenos Agricultores, o MPA no ano de 1995. Também sempre incentivei jovens rurais de minha paróquia a participarem da Escola de Jovens Rurais para melhor se aperfeiçoarem.
Pé na Terra – Este ano o 12º Encontro Diocesano de Sementes Crioulas vai acontecer na sua Paróquia. Na sua opinião, qual o significado deste encontro para o povo de Vale do Sol e da região?
Pe. Pedro – O encontro é para os pequenos agricultores e agricultoras e é importante por que vai tratar justamente do trabalho dos agricultores, visando melhorar a vida deles. Visando fortalecimento e valorização dos pequenos agricultores, proporcionando uma maior conscientização sobre o meio ambiente, sobre a importância do resgate das sementes crioulas bem como da luta pela sobrevivência na roça. 
Na minha família sempre lidamos com verduras, frutas, criação de animais, etc, nunca utilizamos um pingo de veneno, falo isso por que desde meus 9 anos ajudei na lavoura e acho que o encontro tem esta importância também, que é estimular a produção ecológica e que é possível produzir sem utilizar venenos.
Pé na Terra – Padre Pedro o que você acha da luta pela preservação das sementes crioulas?
Pe. Pedro – Considero uma luta fundamental, preservar este importante Patrimônio da Humanidade especialmente para os colonos não ficarem escravos das empresas multinacionais que controlam as sementes. Proporcionando com isso mais autonomia e garantia de alimentos de qualidade.
O convite:
É com muita alegria que convido vocês agricultores e agricultoras de minha Paróquia, de toda a Diocese e de todo o estado para participarem do 12ºEncontro Diocesano de Sementes Crioulas que será realizado aqui em Vale do Sol-RS no dia 13 de junho de 2012.
Vamos fazer deste dia um dia muito especial, por isso se organizem, convidem vizinhos e amigos para participarem trazendo suas sementes crioulas e suas experiências.
Sua participação é muito importante por que “Um outro mundo é possivel”
Um abraço 
Padre Pedro Bernardo Rockenbach.

*Padre Pedro é atua na Paróquia São José de Vale do Sol-RS e na CPT da Diocese de Santa Cruz do Sul há muitos anos.
Fonte: Pé na Terra - EJR - CPT/Diocese de Santa Cruz do Sul

terça-feira, 1 de maio de 2012

Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras

Neste Dia Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras o blog da CPT-RS parabeniza a todos e todas que cotidianamente trabalham e lutam para que o mundo do trabalho seja mais justo e respeite a dignidade do ser humano e a sustentabilidade da vida.
Abraço aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. E aos que lutam por emprego, salários justos e melhores condições de trabalho e aos que batalham pela partilha da terra para poder cultivar a boa semente e multiplicar o pão, vai nosso apoio e a renovação do compromisso de lutarmos sempre juntos.
Lembrando que temos uma grande batalha a seguir em frente agora, que é contra as mudanças retrógradas do Código Florestal Brasileiro. É hora de unir o Brasil para encorajar nossa presidenta Dilma a vetar tudo o que os picaretas dos deputados aprovaram no Congresso. 
Saudações ecossocialistas.

quinta-feira, 26 de abril de 2012


Bancada Ruralista impõe Código Florestal


A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra, CPT, diante da aprovação pela Câmara dos Deputados, na noite de ontem, do assim chamado Novo Código Florestal, quer se juntar ao coro de milhões de brasileiros para manifestar sua indignação diante da imposição da vontade da bancada ruralista sobre a nação brasileira, colocando em risco, como advertiram numerosos cientistas, o próprio futuro do nosso país.
Na verdade é muito difícil entender como uma população rural que, segundo o último censo de 2010, representa somente 16% do total da população brasileira, esteja tão superrepresentada na Câmara dos Deputados, já que a Frente Parlamentar da Agropecuária é composta, segundo seu próprio site, por 268 deputados, 52,24% dos 513 deputados eleitos. Para fazerem valer suas propostas, os ruralistas se escondem atrás do discurso da defesa da pequena propriedade, quando é de clareza meridiana que o que está em jogo são os interesses do agronegócio, dos médios e grandes proprietários. Estes, segundo o Censo Agropecuário de 2006, ocupam apenas 9,12% dos estabelecimentos rurais com mais de 100 hectares e juntos somam 473.817 estabelecimentos que, no entanto, ocupam 78,58% do total das áreas.
Mesmo assim, a bancada ruralista e seus seguidores ainda ousam dizer que a oposição ao que eles votaram vem de uma minoria de ambientalistas radicais. Muito corretamente falou o professor titular de Economia da PUC de São Paulo, Ladislau Dowbor: “É preciso resgatar a dimensão pública do Estado. O Congresso tem a bancada das montadoras, a das empreiteiras, a dos produtores rurais, mas não tem a bancada do cidadão!”.
A Comissão Pastoral da Terra espera que a presidenta Dilma honre a palavra dada ainda na campanha eleitoral de não aceitar retrocessos na lei florestal, comprometendo-se a vetar os pontos que representassem anistia para os desmatadores ilegais e a redução de áreas de reserva legal e preservação permanente. Espera que a presidenta não compactue com a imposição da bancada ruralista e vete este texto. A natureza e o Brasil vão agradecer.
A Coordenação Nacional da CPT
Maiores Informações:
Cristiane Passos (Assessoria de Comunicação da CPT Nacional) – (62) 4008-6406 / 8111-2890
Antônio Canuto (Assessoria de Comunicação da CPT Nacional) – (62) 4008-6412
@cptnacional

terça-feira, 17 de abril de 2012

Moção de Apoio ao Quilombo Rincão dos Negros de Rio Pardo/RS

“Terra de Deus, terra de irmãos e irmãs na luta solidária em defesa dos seus territórios” (Nm 33,50-56)
Reunidos em Rio Pardo, RS, nos dias 15 e 16 de abril de 2012, em reunião do Conselho da Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul, nós, agentes da CPT das dioceses, padres, agricultores, quilombolas, seminaristas, reafirmamos o que em comunhão com a CPT Nacional foi reassumido na XXIV Assembléia Nacional nos dias 28 a 30 de março: nossa missão evangélica deve estar a serviço dos povos da terra e das águas.
“Corra a justiça como um rio pela terra”
Diante disto, manifestamos apoio ao Quilombo Rincão dos Negros localizado no Distrito do Arroio das Pedras – Interior de Rio Pardo/RS. O Governo Federal por intermédio do INCRA já reconheceu a área de direito das famílias quilombolas e está realizando a demarcação da terra que beneficiará 30 famílias de Remanescentes de Escravos devolvendo 500 hectares que lhes é de direito. Por outro lado, denunciamos a criminalização e o preconceito que persiste sobre os membros da comunidade quilombola efetivado por fazendeiros locais, mídia e alguns políticos que colocam os pequenos agricultores contra as famílias Quilombolas.
Além de manifestar o apoio à luta para a conquista deste direito histórico dos Quilombos, queremos denunciar os casos de ameaças, inclusive de mortes e de preconceito racial. Nós, da Comissão Pastoral da Terra, ouvindo o povo Quilombola, sentimo-nos no dever de alertar o INCRA e Órgãos Governamentais para que prestem SEGURANÇA ao povo Quilombola, que traz em sua carne o sofrimento de uma escravidão e que a justiça seja feita.
“Povos e comunidades gritam e lutam para defender territórios e preservar a terra”
Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Solidariedade a Família de Silvio Jung


Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul (CPT-RS) envia carta de Solidariedade a Família de Silvio Jung, histórico militante da causa dos trabalhadores Sem Terra e pequenos Agricultores através da CPT, que faleceu no dia 01/04/2010, em Pelotas/RS, vítima de um câncer.

Lúcia e filhas Silvia e Laura.

“O pai me ama, 
porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. 
Ninguém tira a minha vida: eu a dou livremente.” 
(Jo 10,18).

Com pesar recebemos, mesmo que tardia, a notícia do falecimento de Silvio Jung. Silvio vinha lutando contra um câncer e faleceu no dia 1 de abril de 2012, domingo de Ramos, em Pelotas/RS. 
Silvio foi agente da CPT atuando na diocese da Pelotas. Além da CPT também contribuiu na assessoria da diocese e na articulação das Pastorais Sociais. Apaixonado pela defesa dos “pequenos e pela agroecologia” animou a luta social e fortaleceu experiências de organização e produção agroecológica na região. Seu trabalho e dedicação impulsionou a organização da diocese. 
Conviver e trabalhar com o Silvio sempre era um aprendizado, seja junto aos movimentos sociais, nas visitas aos camponeses, seja nos momentos de estudo e reflexão. Ele tinha convicção no que fazia e suas análises expressavam clareza e lucidez.
Silvio apostava na organização social, luta do MST, contribuiu na organização do MPA  e do MTD da região. Contribuiu com as feiras de produtores, com a economia solidária e com inúmeras atividades pastorais, das igrejas e das organizações. Quando Ele assumia a coisa andava, testemunha Edson Benites que trabalhou com o Sílvio durante cinco anos.
 Na CPT, Silvio participou durante décadas na Coordenação Estadual. Contribuiu na organização das Romarias da Terra, no trabalho de base, na formação, na elaboração de materiais, nas reflexões, entre outras. Sua ausência sempre era percebida. Sua convivência, simplicidade e amizade deixam saudade. 
Ele deixou sua contribuição para a caminhada da CPT, da Igreja, dos movimentos sociais, dos grupos de agroecologia, para sua família e para a sociedade. Como Padre,  Esposo, Pai, agente de pastoral, pessoa exemplar, coerente, animada, dedicada e esperançosa na construção do reino de Deus.
A família, nossa solidariedade e o abraço todas as pessoas que conheceram e conviveram com o Silvio durante seu trabalho junto a Comissão Pastoral da Terra. E que o Deus da Vida siga animando e acompanhando vocês na caminhada.

Fraternalmente,
CPT-RS