por Padre Léo Hastenteufel*
Celebramos no dia 04 de março, na Terça de Carnaval a 37ª Romaria da Terra, no Assentamento Lagoa do Junco, em Tapes. Foi um dia bem celebrativo. Com a celebração do mistério central da nossa fé cristã, cuja memória nos faz viver, colocamos a nossa caminhada em oração. Agradecemos e bendizemos ao Senhor pelas conquistas, pelo múltiplos acertos. Pedimos perdão pelas fraquezas humanas. Reafirmamos nossa fé e a nossa disposição de fidelidade ao Senhor, ao seu projeto de vida e salvação para todos. Que saibamos atender bem pastoralmente os múltiplos assentamentos de colonos em nossa Arquidiocese de PoA!
Uma das necessidades básicas da vida humana é saciar a fome. Alimentar-se sempre foi uma preocupação. Garantir alimentos para todos e em todo tempo. Ultimamente, a preocupação é alimentar-se adequadamente, de forma saudável. Trata-se de saber selecionar os alimentos. Ver a procedência e analisar os rótulos da validade dos alimentos em nossos supermercados. Fala-se muito em alimentação balanceada. Portanto, é sempre um tema atual. Alimentar-se, mas de forma saudável. Não seriam as muitas doenças atuais em decorrência do descuido da alimentação? A industrialização dos alimentos em suas diversas marcas de enlatados com conservantes não seriam responsáveis? Podemos apreciar produtos artificiais, mas as comidas artificiais são uma negação da nossa natureza orgânica. Os alimentos devem ser naturais. Que em nossos diversos grupos de pastoral saibamos divulgar e propor uma alimentação mais saudável!
A Romaria da terra sempre nos liga à terra. Através da Romaria voltamos à mãe terra, ao espaço sagrado da terra que alimenta a vida. Ela é sagrada e muito generosa. É dom de Deus. Precisa ser respeitada e amada. Amar a terra é reconhecer os seus diferentes processos e ciclos da natureza. Voltar à terra é encontrar o homem e a mulher que nela trabalham. Somente o agricultor e a agricultora podem fornecer alimentos de qualidade para o mundo. A Romaria quer resgatar a produção saudável. Suscitar uma nova consciência. Alimentos saudáveis são aqueles que foram produzidos sem venenos e nem a partir de sementes trangênicas. São naturais e não artificiais. O cuidado com as sementes crioulas é uma prática milenar que precisa ser resgatada. A Romaria nos ajuda a amar e a respeitar a mãe terra!
Particularmente, aprendemos em Tapes o jeito novo de organização dos colonos. A mãe terra produz muita vida e saúde nestes campos. Muito particularmente conhecemos a Agroecologia. Uma experiência inédita. Colonos atentos para fazer produzir a agricultura, respeitando a casa, o planeta, e os moradores desta “grande casa”, toda biodiversidade. Colonos industrializando a própria produção. Colonos oferecendo alimentos saudáveis, sem agrotóxicos, de primeira linha. Os jovens se empregando na agroindústria do assentamento. Isto tudo exige muito trabalho e muita organização interna. Com a fé e o espírito cooperativo se consegue muitos e bons resultados. Agradecemos o belo gesto da distribuição gratuita do arroz integral.
* Pe. Léo Hastenteufel é Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Porto Alegre
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