Por Frei Wilson Zanatta*
O processo de organização da juventude nos 56 assentamentos da Reforma Agraria, na região sul do estado, entre os municípios de Aceguá, Candiota e Hulha Negra, ligados também a Rede de Comunidades Santo Isidoro Camponês, Diocese de Bagé, ressurgiu a partir de 2009. Na ocasião, aconteceu encontrão dos jovens com o objetivo de animação e organização em grupos. Os jovens, por sua própria característica, corresponderam ao chamado para a organicidade em grupos (células) para serem dentro dos assentamentos e comunidades sujeitos da história, contribuído através da participação, nos trabalhos e decisões nas organizações.
O desafio à juventude foi constante para criar organicidade para corresponder a este chamado, necessário, para despertar o compromisso com o outro, e com o coletivo. Entre altos e baixos, o que é próprio da juventude, os grupos continuam sendo referência e contribuindo no processo da região.
Os jovens, por sua própria natureza, são sonhadores, buscam encontrar caminhos para a realização da vida. Buscam as melhores propostas possíveis para que seu futuro seja promissor, quem sabe mais tranquilo. O que a realidade,região sul do Estado, durante sua história, impossibilitou um desenvolvimento adequado para o povo da Fronteira. Obrigando com isso, um fraco crescimento populacional, pois os jovens, não tinham como garantir futuro, ocasionando com isso o êxodo para as grandes cidades. Deixando para traz pequenas cidades abandonadas por grandes extensões de terra na mão de pouca gente.
A reforma agrária na região sul trouxe esperanças para um desenvolvimento, o que a realidade confirma, pois, os pequenos municípios subsistem devido a existência da agricultura familiar que viabiliza o crescimento econômico.
Mesmo que se constata esse crescimento testemunhado pelos nativos e de dados de estatísticas, constata-se que muitos jovens ainda são obrigados, inclusive nos assentamentos, ir em busca de alternativas em outras regiões do estado e do País. Visto que, a reforma agrária que foi realizada não cabem todos os membros das famílias. E esta situação ocasiona dois caminhos: a ampliação da reforma agrária, que não está acontecendo, ou a busca de emprego como alternativa.
A realidade dos jovens dos assentamentos, embora com muitas melhorias, vão em busca de estudo, o que está sendo oferecido e facilitado. Mas não ocorre com a grande maioria que são obrigados a empregar-se em algumas empresas, escassas na região sul, devido as consequências da própria história do Latifúndio.
A existência dessa realidade não impediu a nossa juventude de sonhar e lutar por dias melhores para todos.
A organização da juventude, através dos grupos, permitiu os jovens, despertar e assumir serviços e compromissos nas comunidades e no movimento, tornando-se referências, portanto, lideranças para continuar a caminhada em nossa região e outros lugares.
A organicidade dos grupos de jovens permitiu reunião mensal com a coordenação dos grupos. Encontrões de jovens para integração e despertar novos grupos. Realização de retiros entre grupos. Programa semanal, “Sintonia Jovem”, na Radio Terra Livre. Elaboração de material para reflexão com os grupos. Participação de encontrões estaduais, cursos com o Movimento Sem Terra. Integração e envolvimento organizativo em manifestações em busca de dignidade.
*Wilson Zanatta é frei capuchinho da Província do Rio Grande do Sul e faz parte da Comunidade Intercongregacional Padre Josimo, instalada no Assentamento Conquista da Fonteira em Hulha Negra/RS (www.padrejosimo.com.br). Frei Zanatta atua na Pastoral da Rede de Comunidades Santo Isidoro Camponês em Hulha Negra, Candiota e Aceguá.
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