segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A Diocese de Caxias do Sul acolhe a 36ª Romaria da Terra



por Dom Alessandro  Ruffinoni 
e Padre Izidoro Bigolin
A Diocese de Caxias do Sul acolhe, em Bento Gonçalves, a 36ª Romaria  da Terra. Este evento é compromisso de todas as dioceses do Rio Grande do Sul, compromisso permanente da CNBB Sul 3 e será realizado no dia 12 de fevereiro de 2013, na comunidade de  Bom Pastor - no parque municipal da ABCTG – Associação Bento Gonçalvense dos Centros de Tradições Gaúchas.
A história da região Nordeste do Estado está intimamente ligada à história da colonização feita por imigrantes, vindos da Europa, destacando-se os de origem italiana, alemã e polonesa. Estes fizeram a “grande romaria” ou “peregrinação” na busca de mais vida e dignidade. Aqui chegaram alimentados pela esperança de ter terra, trabalho e condições dignas para um bem viver. Carregaram na bagagem os valores recebidos da pátria-mãe: a fé, expressões da religiosidade popular  de modo especial manifestadas na devoção à Nossa Senhora e aos santos  e, ainda, os valores indispensáveis da família e da comunidade-Igreja.
A porta de entrada para a região de Bento Gonçalves foi o “casarão”, denominado de “barracão”. Hoje, este nome denomina o bairro Barracão. Os imigrantes ali chegavam e permaneciam reunidos até receberem suas terras – pequenas propriedades – ao longo das famosas e ainda existentes “linhas” ou “travessões” rurais. O desafio era construir um lugar para morar, plantar e colher; primeiro para sobreviver e depois, através da comercialização, ter melhores condições de vida. Aos poucos foram surgindo pequenos núcleos com nomes próprios para a identificação. O primeiro nome para a região foi “Cruzinha” e, aos poucos, foram construindo pequenas igrejas, cemitérios, salões comunitários. A este conjunto foi dado o nome de Capelas, verdadeiros centros de oração, lazer e solidariedade.
A forma como foi feita a colonização em pequenas propriedades rurais foi uma verdadeira reforma agrária. O trabalho familiar nas pequenas propriedades gerou desenvolvimento humano, social e econômico. A prova está no número de cidades que existem em toda a região Nordeste do Estado.
Ao longo dos anos, percebeu-se que era preciso garantir uma melhor organização e ter instrumentos próprios na luta pelos direitos. Há mais de 80 anos surgiram cooperativas e há mais de 50 anos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs), com a  iniciativa e apoio da  Igreja.
Hoje, a realidade dos  agricultores exige um desenvolvimento sustentável que apresenta como desafios: a participação cidadã da família agricultora, a garantia da segurança alimentar  e nutricional, a valorização da agricultura familiar, o controle e informações dos avanços tecnológicos, a permanência do jovem na roça  e resgate da auto estima da família agricultora. Cumpre destacar que os migrantes estão nas cidades e também nas áreas rurais. O fenômeno da migração traz uma nova configuração à pequena propriedade, à família e à própria comunidade.
É a partir desta história, caminhada e desafios que a Diocese de Caxias do Sul acolhe, em Bento Gonçalves, a 36ª Romaria da Terra. O tema da Romaria é: “Terra, Vida e Cidadania” e o lema: “Terra e Cidadania: princípios do bem viver”. 

Bem vindos à 36ª Romaria da Terra. A Diocese de Caxias do Sul, juntamente com a CPT-RS, acolhem a todos, com alegria e ternura, em comunhão com a Igreja do Rio Grande do Sul.

Dom Alessandro Ruffinoni é Bispo Diocesano de Caxias do Sul
Padre Izidoro Bigolin é Pároco da Paróquia Santo Antônio, em Bento Gonçalves e Vigário Geral da Diocese de Caxias do Sul.

Dom Humberto... Lágrimas de compromisso com a Justiça e a Paz

Por Pilato Pereira - blog Olhar Ecologico
Irmão Antônio Cechin também chorou quando relatou seu encontro com o ex-presidente Lula, em que pode dizer-lhe: “Feliz é o Brasil que tem um presidente que chora sobre os catadores, a mais humilde categoria dos que constroem a nação!”. Irmão Cechin se referia ao fato de o então presidente da República ter se emocionado a tal ponto de não conter as lágrimas ao se referir aos catadores e moradores de rua, durante uma entrevista de avaliação de seu governo em 2010.
Algo semelhante aconteceu na Catedral Nacional da Santíssima Trindade, em Porto Alegre, no dia 09 de dezembro, Segundo Domingo do Advento, Dia da Bíblia, com a Sagração Episcopal do Revendo Humberto Eugenio Maiztegui Gonçalves. Eleito pelo povo e pelo clero da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Revendo Humberto, que é doutor em teologia bíblica, professor no SETEK e na ESTEF, foi sagrado bispo numa celebração muito animada, com forte presença ecumênica, de lideranças eclesiais da Igreja Anglicana e, sobretudo uma fervorosa participação do povo das diversas comunidades da sua Diocese.
Numa celebração como esta sempre tem os momentos de forte emoção, mas em duas situações, as lágrimas do novo bispo foram muito simbólicas. A meu ver, representaram a expressão mais intimida do seu fiel compromisso de amor a Deus e aos pobres. Ao motivar a comunidade para a saudação da paz, convidando para catar o refrão “Quando olho em você, eu vejo em você a Paz do Senhor”, o bispo Humberto chorou. E ao ouvir as palavras calmas do representante indígena, o jovem Guilherme Benitez (Verá Mirim), do Povo Mbyá Guarani, o novo bispo também não conteve as lágrimas.
Claro que tudo foi importante naquela celebração, todos os ritos, todas as falas, a pregação da Reverenda Carmem, da Diocese Anglicana da Amazônia, a valoração de comunidades historicamente excluídas (surdos, deficiência física, jovens, mulheres, índios...). Enfim, tudo foi muito importante e nos fez renovar a fé, o amor e a confiança em Deus e na comunidade. Mas, quero salientar o simbolismo que percebo nestes dois momentos relatados, em que o bispo eleito chorou: na saudação da paz e nas palavras do índio guarani.
Podemos parafrasear Irmão Antônio Cechin e dizer “feliz a Igreja que tem um bispo que chora com a saudação da paz e com as palavras de um índio”. Certamente, a paz não lhe representa apenas uma palavra, mas todo sonho e a luta pela justiça. Para o bispo que derramou suas lágrimas, a Paz do Senhor é sentida ao olhar, acolher e abraçar o próximo. E ao chorar diante das poucas e calmas palavras do índio guarani, certamente o bispo ouviu todo o clamor histórico expresso no silêncio deste povo sofrido. Na fala mansa do jovem guarani, o bispo ouviu o grito de Sepé Tiaraju que não queria morrer nem perder a terra que Deus havia dado a seu povo. E suas lágrimas expressam o que deve ser mais que um sentimento, o compromisso da Igreja para com os índios e todos os pobres, o anúncio da Boa Nova a toda a criação e o testemunho da fé no serviço em favor da justiça e da paz.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Oração da 36ª Romaria da Terra


Pai querido, pedimos vossa bênção para esta Romaria da Terra. Caminhai sempre conosco nas romarias de nossas lutas. No cuidado à Mãe Terra, no esforço do bem viver, no exercício de nossa cidadania. Com o Espírito de Jesus, queremos ser partículas de vosso Reino na Agricultura Familiar e Ecológica, nas Pastorais, Movimentos Populares, Sindicatos e Cooperativas.
Abençoai Senhor, os jovens do nosso tempo. Confirmai seus sonhos de vida nas famílias, nas comunidades, na economia solidária e na busca de mais vida.
Obrigado, Pai querido, pelo bem que sempre nos ajudastes a fazer. Libertastes os escravos da casa da tribulação de todos os tempos. Com São Sepé e os povos guaranis, batizastes nossa terra com as comunidades d e vida. Nesta Diocese, em Água Azul, o sangue do Padre Cristóvão de Mendoza foi semente de uma Igreja de fé e de organização do povo.  Aqui, neste chão de Romaria, foi erguido o primeiro BARRACÃO, que acolheu milhares de famílias de imigrantes. Esta Serra Gaúcha se tornou a Terra Prometida, uma abençoada experiência de Reforma Agrária.
Pai querido e Deus da Vida, como Maria, a primeira discípula de Jesus, queremos conservar no coração o encantamento pelo  vosso Reino,  de Fraternidade e de Vida.
AMÉM.  AXÉ.  ASSIM SEJA.

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36ª Romaria da Terra e Acampamento Jovem 

36ª Romaria da Terra em Bento Gonçalves-RS

36ª Romaria da Terra

Bento Gonçalves-RS - Diocese de Caxias do Sul
12 de fevereiro de 2013
Tema: “Terra, Vida e Cidadania
Lema: “Terra e Cidadania: princípios do bem viver”. 
Local: Comunidade Bom Pastor
Parque Municipal ABCTG
Mais informações:
e-mail: coord.pastoral@diocesedecaxias.org.br
telefone: (54) 3211 5032

Acampamento Jovem
10 e 11 de fevereiro de 2013
Tema: Juventude e ecologia com subtemas relacionados
Local: Parque Fenachamp - Garibaldi (RST 470, Km 228)
A Acolhida aos participantes e início das atividades está prevista para às 18h do domingo, dia 10. 
Mais informações:
e-mail: coord.pastoral@diocesedecaxias.org.br
telefone: (54) 3211 5032

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Repartir o Chão Para Multiplicar o Pão - Reforma Agrária no Chão


por Oldi Helena Jantsch*
Por que não, o governo desapropriar as áreas devolutas, improdutivas ou suas próprias áreas para fazer assentamentos? Olha só que maravilha as famílias assentadas no Assentamento São Pedro de Encruzilhada do Sul-RS, conhecido popularmente como Assentamento da Quinta, tem diversidade de produção. Neste assentamento ligado ao MST são 45 famílias assentadas e boa parte destas famílias produz leite, verduras, peixes e frutas. 
A foto é da produção de pêssego da Beloni, que neste ano deverá colher 2.000kg. Ela juntamente com outros agricultores vende o pêssego na beira da rodovia.
Nós da CPT achamos que nesta região deve ter um entreposto para a venda dos produtos da Reforma Agrária. 
Quando vejo estas famílias e sua produção cada vez mais me convenço, “Repartir o Chão para Multiplicar o Pão”, Reforma Agrária é Solução!
Arroz Sequeiro
Se as águas já estão tão contaminadas e comprometidas com grandes irrigações de arroz e outras culturas com utilização de muito agrotóxico. Por que não plantar arroz sequeiro, variedade crioula e resistente que se adapta bem a pouca água e produz bem? O arroz tem grande produtividade e é um alimento que nossos avós produziam e conheciam muito bem.
Que tal produzir arroz como a família da Danieli Kovalski Jasniewcz de Encruzilhada do Sul-RS, que produz arroz e descasca em um descascador próprio da família.
É bom lembrarmos que os Assentamentos da Região Metropolitana de Porto Alegre produzem mais de 100 mil sacas de arroz orgânico. É arroz irrigado provando que o arroz irrigado pode ser produzido de forma orgânica.
Não use plásticos!
Não usem embalagens de plástico, pode fazer como eu faço, utilizo bolsa de palha de trigo e também de tecido. Como esta bolsa feita de calça Jeans velha. Esta sacola é muito resistente, protege o meio ambiente por que estamos reutilizando fazendo outro produto.
Por fim, use chapéu de palha!
Abraços e bom final de semana.
*Oldi Helena Jantsch, conhecida por Tiririca, faz parte da CPT da Diocese de Santa Cruz e CPT-RS.