Por Gerson Teixeira
As entidades representativas dos trabalhadores rurais negociam com o governo, medidas para aliviar o quadro atual de endividamento, no crédito rural, dos assentados e agricultores familiares.
Essas negociações dos trabalhadores se repetem desde 2003, quando as dívidas desses segmentos passaram a ser contempladas nos freqüentes instrumentos oficiais de repactuação, inaugurados e tornados corriqueiros pelas pressões dos ruralistas, a partir de meados da década de 1990.
Fixando-nos no caso específico da agricultura familiar, parece essencial indagar: por que se mantém o problema da elevada inadimplência desses agricultores?
Antes de opinarmos a respeito, vale um resumo desses números. De acordo com o Ministério da Fazenda, o estoque atual das dívidas rurais é de cerca de R$ 149,2 bilhões. Desse valor, estão contabilizados ‘em atraso’ ou já ‘em prejuízo’, em torno de R$ 44 bilhões, o que equivale a 36% do PIB específico da agricultura (base primária; posição de 2010), calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola da ESALQ.
As dívidas dos agricultores familiares somam R$ 29 bilhões, o que corresponde a 19,5% do valor total antes registrado. Os valores em atraso e os já lançados em prejuízo nos contratos com esses agricultores alcançam R$ 6,1 bilhões, o que resulta em uma taxa média de inadimplência, para a agricultura familiar, de 21%. No Nordeste essa taxa está próxima a 30%.
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