sexta-feira, 22 de março de 2013

Ano Internacional de Cooperação pela Água


Por Pilato Pereira*
A Organização das Nações Unidas, ONU, declarou 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água, com o objetivo de conscientizar sobre a importância e necessidade de cooperação para o manejo dos recursos hídricos que já são limitados diante de uma demanda em rápido crescimento. De acordo com a UNESCO, 145 países compartilham uma grande bacia hidrográfica com pelo menos mais uma nação. Pois, este fato é motivo suficiente para que a questão da água seja tratada mundialmente numa ótica de cooperação. 
Durante o Ano Internacional de Cooperação pela Água deverão ocorrer ações que destacam as iniciativas de sucesso em cooperação pela água e, certamente, serão trabalhados temas importantes como educação ambiental com foco na água, diplomacia sobre a água, gestão da água em regiões de fronteiras, cooperação financeira, entre outros.
O presidente do Conselho Mundial de Água é o brasileiro Benedito Braga, que iniciou sua gestão em 2013 preocupado com o fato de que existem no mundo 271 bacias hidrográficas com rios que estão compartilhados por mais de um país. Sendo que em muitos lugares a questão já virou assunto de segurança política, como no caso do Rio Nilo, que é compartilhado por nove países. A ONU pretende com esse tema incentivar o lado bom disso, que é a cooperação entre os povos.
No Brasil temos diversos rios em que as águas estão compartilhadas com outros países, como por exemplo, o Amazonas, que tem sua origem no sul do Peru e deságua no Oceano Atlântico, no norte brasileiro. As águas do Amazonas banham diretamente Peru, Colômbia e Brasil. Mas a bacia amazônica abrange terras de vários países da América do Sul, como Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Bolívia e Brasil. Também temos o rio Uruguai que abrange Argentina, Uruguai e Brasil, o rio da Plata que está no Brasil e Argentina, o rio Paraguai que envolve Argentina, Brasil, Bolívia e Paraguai. E dentre tantos outros casos de rios, também temos na América do Sul o caso do Aquífero Guarani, que abrange territórios da Argentina, do Brasil, Paraguai e Uruguai. 
Embora sejam usados para definir territórios, percebemos que os cursos d’água não têm fronteiras. Por onde passam, as águas servem a todos e todas, independentemente da nacionalidade. Pois, os rios são do mundo, da humanidade e assim como suas águas servem a todas as formas de vida em diferentes territórios e diversos povos, elas deveriam ser cuidadas de forma comum, através da cooperação das nações. Ou seja, os países deveriam se unir para cuidar da Água, que é patrimônio da humanidade e direito de todos os seres vivos.
Neste Dia Mundial da Água, 22 de março, mencionando que 2013 é o Ano Internacional de Cooperação pela Água, não podemos reivindicar o cuidado global deste bem comum, se não nos preocuparmos com as situações locais. É importante lembrar que os países devem se unir para cuidar de suas águas, mas é uma necessidade premente dar maior atenção aos arroios, fontes, nascentes, riachos, rios que estão perto de nós. Vamos unir nossas vizinhanças para cuidar da Água mais perto de nossas casas e que fazem parte do nosso cotidiano. Pois, assim, também através do exemplo, estaremos reivindicando que os países do mundo todo levem a sério o Ano Internacional de Cooperação pela Água.
*Mestre em Teologia pela PUCRS, membro da Coordenação Colegiada da CPT-RS