A Província Eclesiástica de Passo Fundo, RS, divulgou uma carta sobre os conflitos de terra originados pela demarcação de terras indígenas desta região do Estado do Rio Grande do Sul.
Eis a carta.
Observando os frequentes questionamentos em relação à posição da Igreja no que diz respeito aos conflitos provenientes da demarcação de terras em nossa região, afirmamos: a Igreja local, Província Eclesiástica de Passo Fundo, não se posiciona a favor deste ou daquele grupo, uma vez que constata serem ambos vítimas de uma inadequada e injusta atuação. Por meio desta, enfatizamos mais uma vez nossa grande preocupação, somada a de tantos outros grupos, instituições e famílias de nosso Estado do Rio Grande do Sul.
Sentimos a dor das famílias envolvidas, tanto dos pequenos agricultores que legalmente obtiveram as escrituras de suas terras e não podem simplesmente abandoná-las, sabendo-se ser delas que extraem seu sustento e o de suas famílias, quanto a dor das famílias indígenas que buscam recuperar suas raízes e seguir suas historias, buscando, de alguma maneira resolver esta dívida histórica para com seus povos.
Entendemos que todo o processo de discussão sobre as possíveis demarcações deve ser operado em caráter dialogal, onde todos possam participar e expor suas reais necessidades, participando, todas as partes envolvidas, ativamente no processo administrativo e em todas as suas fases.
Recordamos ainda que cabe à União em caso de desapropriação indenizar, antecipadamente, com justo valor de mercado, as famílias, obedecendo aos princípios de administração pública, através do processo judicial.
Constatamos diante de tudo isso que não são somente os pequenos agricultores que estão apreensivos, mas também os indígenas, pois vivem na insegurança diante da promessa realizada pelo governo do Estado e da União!
Ressaltamos que, enquanto Igreja desta Província Eclesiástica, que está profundamente envolvida com a situação, já manifestamos ao Sr. Tarso Genro, Governador deste Estado, nossa posição, exigindo ações rápidas e eficazes para a solução imediata do caso.
Como Arcebispo da Igreja Metropolitana de Passo Fundo-RS, em comunhão com meus irmãos bispos de Erexim, Frederico Westphalen e Vacaria, consideramos essa situação delicada como a mais gritante injustiça e um grande descaso, sobretudo pela maneira como vêm sendo administrada a questão pelos órgãos responsáveis.
Estes órgãos devem estar a serviço da vida e da dignidade humana e não de interesses pessoais e oportunistas. Nosso Senhor Jesus Cristo, nos conceda sabedoria, seja Ele nosso Mestre e orientador constante, sobretudo nas dificuldades. Despedimo-nos cordialmente e no desejo de servir,
Passo Fundo, 07 de novembro de 2013.
Fonte: Arquidiocese de Passo Fundo
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