por Andrei Thomaz Oss-Emer*
A vida é feita de semeaduras. A semeadura, é aquele tempo em que a Terra, com seu seio preparado para acolher a vida, recebe as sementes, patrimônio universal dos povos da Terra. A Terra, tudo acolhe, tudo gera, lança a força vitalícia de minerais obtidos pelo processo de decomposição, graças às milhares de vidas que habitam o seio da Terra. Na Terra semeamos, semeamos a esperança, de novos ciclos, cheios de fartura, para matar toda a fome da Terra.
A água, regando o seio fértil da Grande Mãe, a Casa Comum, Pachamamma, Madre Terra, garante a fertilidade do solo Sagrado. O minuano, que corre pelos campos e traz do sul as chuvas de inverno, irriga essas terras, hora quentes, hora geladas. A luz e o calor do Sol, astro Rei, que nos visita diariamente em sua jornada sideral, garante a energia necessária para que o tempo de maturação aconteça. Nada acontece e nada deve acontecer fora de seu ciclo, os ciclos da natureza são formam um elixir homeopático de esperança, no combate à ansiedade provocada por esses tempos pós-modernos.
O ser humano que aprende dos tempos de cultivo, cultivar a esperança, pode estar pronto para acolher os tempos de colheita. A colheita, é parte do processo, pois tudo se colhe, e todos os dias existem momentos de colheita. A biodiversidade nos garante um processo constante de colheitas, algumas maiores, outras menores, todas são o final de um ciclo, e o começo de outro. A espera, para a nova semeadura, o cuidado com a vida no solo que se recompõe, sempre, cotidianamente.
A fartura da colheita, enche a casa de alegria, pois na colheita está o alimento, ele enche a vila de alegria, pois a alegria com a generosidade da mãe Terra, nos abre o coração para a partilha. A colheita representa a Sagrada reverência diante dos frutos da Terra, somente quem cultiva a Terra tem o sagrado direito de colher dos seus frutos. Os frutos colhidos, são consagrados na mesa das famílias, que são solidárias na partilha dos frutos da Terra, não como quem os consome, mas como quem os comunga, e com eles comunga com a Terra e com os Filhos da Terra. A Terra, enquanto casa de toda a vida, é de si mesma, e por si mesma gera toda a vida que se organiza em sua atmosfera. O Cuidar da Terra perpassa todas as dimensões humanas, cuidando da Terra, a Terra nos cuida, assim como cuida dos sagrados tempos de semeaduras, cultivos, colheitas e consagrações.
*Andrei Thomaz Oss-Emer é Bacharel em Filosofia Pela Universidade Federal de Pelotas. Mestrando em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas. Educador na Escola São Francisco de Assis – Pelotas-RS – Rede SCALIFRA-ZN. Colaborar da Comissão Pastoral da Terra/ RS.
Foto - arquivo CPT/RS
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