Esta 39ª Romaria da Terra nos compromete com a vida da Terra, das Águas e, sobretudo, de todas as vidas que nelas habitam, vida que estão ameaçadas, vidas dos pobres e dos pequenos, em primeiro lugar.
Este compromisso com a
responsabilidade social e ambiental tornou-se um refrão incansavelmente
repetido e propagandeado na hora da implantação dos grandes projetos. Não vi um
Estudo de Impacto Ambiental – EIA que não garantisse tudo isso. Nunca vi um EIA
que chegasse, no fim, a desaconselhar a implantação de um grande projeto.
Sempre, nas audiências públicas, prova-se que as empresas, além de querer seu
lucro, se comprometem com o bem social e a proteção, a preservação ou a
recuperação ambiental.
Governos, empresários
e ONGs parecem estar todos falando uma mesma língua. A preocupação com a
ecologia, com o meio ambiente parece ser, hoje, um fato indiscutível e que deve
sempre ser levado em conta. A teologia, a hermenêutica bíblica, a moral,
também, entraram com força nesta reflexão que cinqüenta anos atrás, no
Concílio, nem mesmo estava em pauta.
O que diz a bíblia das
questões ecológicas? Quantas vezes, nestes últimos anos ouvi esta pergunta! E
não há como esconder que os textos bíblicos dizem uma coisa e se contradizem
logo em seguida, uma vez que provêm de ambientes diferentes, com preocupações e
projetos diferentes.
Salomão ofereceu a
Javé para o sacrifício pacífico, vinte e duas mil vacas e cento e vinte mil
ovelhas (1Rs 8,63). Esta
incrível matança de animais acompanhou a inauguração do templo de Jerusalém.
Depois vieram os holocaustos quotidianos, os inúmeros sacrifícios de todo tipo,
as ofertas e os sacrifícios pelos pecados. Para todos estes sacrifícios os
sacerdotes, “porão fogo sobre o altar, ordenando a lenha sobre o fogo”.
(Lv 1,7): fogo para queimar incenso, para assar as carnes, para consumir os
holocaustos e para cozinhar os “santos dos santos”, as comidas
exclusivas dos sacerdotes; fogo que nunca podia se apagar (Lv 6,13). Foi
preciso estabelecer um rodízio entre as famílias para o fornecimento da lenha a
ser queimada sobre o altar (Ne 10,34). E tudo isto numa região semi-árida como
a Judéia, onde até o orvalho era considerado uma bênção de Deus.
Reis e sacerdotes
ergueram templos e palácios explorando o trabalho de milhares de pessoas e
cortando inúmeras árvores do Líbano. Como todos os poderosos, não tinham
nenhuma preocupação com a vida nem da natureza nem das pessoas.
Nesta perspectiva, por exemplo,
foi e continua sendo lida a bênção de Deus ao homem e à mulher: Frutificai
e multiplicai-vos e enchei a terra e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do
mar, sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que se move sobre a terra. (Gn
1,28)
Uma interpretação literal deste
“domínio” justificou a propriedade privada, legitimou uma equivocada
centralidade do homem sobre a natureza e embasou, teologicamente, a chamada
civilização ocidental/cristã que vem explorando a natureza até sua exaustão.
E a “imagem de Deus”, muitas
vezes, tornou-se grileiro de terras, destruidor de florestas, explorador do
trabalho escravo e financiador da pistolagem. Um exército devastador e
assassino, cuja violência está retratada em todas as páginas da história humana
e que nada tem a ver com a mensagem evangélica.
Como saber, então, o
que deveria fazer a diferença?
Ecumenismo,
economia, ecologia
Trabalhar as palavras
pode parecer – e às vezes é – um trabalho inútil dos sabichões. Às vezes vale a
pena. Vou tentar ser simples e concreto.
As palavras economia,
ecologia e ecumenismo vêm todas da língua grega e se originam do verbo “oikeo”:
habitar. O substantivo derivado é “oikoumene”.
Esta palavra foi,
logo, entendida como “todo o universo habitado”, “toda a sociedade humana”,
“toda a terra”, A esta palavra costuma-se dar uma dimensão universal.
É, porém, interessante
notar que a palavra oikoumene nunca aparece nos textos
paulinos. Apesar de sua preocupação universalista Paulo não usa esta palavra.
Para entender isso, é preciso considerar o uso político desta palavra que era
feito no mundo cultural grego e romano. Para gregos e romanos a palavra oikoumene indicava,
quase sempre, as populações que eram conectadas com seu projeto político e
comercial. Os bárbaros e os escravos não faziam parte da oikoumene.
Oikoumene que parecia ser uma palavra
includente, tinha, na realidade, um forte sentido de exclusão. Uns eram oikoumene e
outros não.
Esta ambigüidade
justifica a ausência desta palavra nos textos paulinos. Suas afirmações são
claras:
Eu sou devedor tanto a gregos como
a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes (Rm 1,14)
Não há grego, nem judeu,
circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre; mas Cristo é
tudo em todos (Cl 3,11).
O Reino de Deus é uma
coisa, a oikoumene é bem outra (ver também, Mt 24,14; Lc 4,5;
21,26): a ela deve ser anunciado o evangelho do Reino.
Temos que dizer que
também a palavra kosmos, sobretudo em João, não tem o significado
global de mundo, de universo, mas identifica as forças negativas que se
contrapõem ao Reino.
É bom lembrar que esta
ambiguidade se mantém, também, nos tempos atuais: a palavra ecumenismo – que
deveria significar a atitude de encontro e de respeito entre todos os que vivem
no mesmo mundo habitado - é quase sempre usada para falar da unidade das
igrejas cristãs, excluindo do ecumenismo as demais expressões religiosas. Para
estas foi preciso criar a palavra macro-ecumenismo: uma evidente redundância.
Por que fiz toda esta
explanação? Porque do verbo oikeo, derivam, também, as palavras oikia, oikos:
habitação, casa, residência, lugar habitado, família.
A oikoumene é
o conjunto das “casas”, de todos os espaços que são habitados. Não há como
separar o universal do local.
Precisamos, porém,
levar em consideração que casa, também, nunca foi sinônimo dos que habitam
nela. Tem o homem e tem a mulher, tem o pai e tem o filho, tem o amo e tem o
escravo. As relações internas da casa são determinantes, podem ser
igualitárias, segundo diz Paulo:
Não há judeu nem grego; não há
servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus (Gl 3,28).
Ou as relações dentro
da casa podem ser de domínio, de governo:
Todos os escravos que estão
debaixo do jugo estimem os seus senhores dignos de toda a honra, para que o
nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemado (1Tm 6,1).
As mulheres idosas (...) ensinem
as mulheres novas a serem (...) boas obreiras de casa, submetidas a seus
maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada (Tt 2,3-5).
Quanta diferença entre
o homem: dono/patrão da casa (oikodespotes) e a mulher trabalhadora da
casa (oikourgous)!
Ecologia vem do grego: oikos =
casa e logos = discurso. Diga-se o mesmo da economia que vem
de oikos = casa e nomos = lei, norma. É
por isso que precisamos definir qual é a nossa “ecologia”.
Ecologia é dizer o que
pensamos da nossa casa, como um todo. Quase sempre – e, nisso, empresários e
ambientalistas são iguais – se entende ecologia como a nossa relação com a
natureza, com o meio ambiente, podemos dizer com o nosso “quintal”. Discute-se o
ambiente, discute-se como deve funcionar o quintal, mas não se discute que tipo
de casa nós queremos.
Tem muitos ecologistas
que, quando pensam em casa, continuam pensando em “casa grande” e em “senzala”.
Não pensam numa casa comum, onde todos sentam ao redor da mesma mesa e repartem
o mesmo pão, sem distinção.
Eles se preocupam só
com o quintal, com a natureza, com o ambiente que está fora da casa e, assim,
falam em desenvolvimento sustentável, em defesa da terra e da água, mas
continuam sem por em discussão a “casa grande” dos países mais ricos, das
classes dominantes, das corporações industriais e financeiras, das elites
privilegiadas e corruptas que engordam às custas de uma imensa, incalculável
“senzala” que é explorada, oprimida, excluída.
A
eterna luta entre Iahweh e o Faraó (a casa grande)
A senzala ainda não
saiu da cabeça de muitos. Precisamos nos converter, pois a economia (a lei, a
organização, a administração da casa) vai depender da ecologia (de que casa
estamos falando, em que tipo de casa queremos viver).
Não vamos esquecer que
a palavra faraó significa, literalmente, “casa grande”.
Se continuarmos a
acreditar na casa grande, teremos uma economia centrada na especulação
financeira, nos monopólios industriais, na privatização dos serviços públicos -
realidades que nada teriam a ver com a ecologia. Uma economia baseada no
agronegócio, na monocultura, na mineração, nas exportações de matéria prima, no
trabalho escravo, na concentração fundiária, nas sementes transgênicas, nos
agrotóxicos.
A casa grande ficará
com os produtos e os lucros; a senzala ficará com o trabalho e as migalhas da
assistência social e o quintal será devastado. Os pobres perderão a terra! A
terra perderá a vida!
Tudo depende da
maneira de olhar a terra, a água, a natureza: socialistas e capitalistas
enxergam tudo isso como matéria prima que adquire seu valor ao virar
mercadorias que deve ser comercializada e privatizada, deixando de ser direito
e bem coletivo.
Nós queremos olhar a
terra, a água, a natureza como a nossa casa, a nossa mãe e fonte de vida para
todas as criaturas.
Nós entendemos que a
luta pela terra é, hoje de maneira especial, luta pela TERRA, com a T
maiúscula. É a luta pela vida do planeta que é violentamente ameaçada por um
falso conceito de crescimento, desenvolvimento, progresso e por uma ainda mais
falsa ideia de que os recursos naturais são infindáveis.
Aprender com as
comunidades indígenas e quilombolas o que significa uma casa feita tenda comum,
aberta a todos, não significa atraso. Significa vida abundante para todos e
todas.
Lutar pela terra e
pela vida da Terra é um imperativo ético que testemunha nossa fidelidade à
memória, à tradição, à ancestralidade, às nossas raízes. É nossa
fidelidade aos pobres de Deus.
Lutar pela terra e
pela vida da Terra é uma exigência que testemunha nossa relação sagrada com a
terra, nossa mãe, nossa amiga, nossa amante, à qual devemos “servir” e
“obedecer”[1] pois
dela todas as gerações terão vida em abundância. É nossa fidelidade à
terra de Deus e de todos e todas nós.
Lutar pela terra e
pela vida da Terra é uma obrigação que testemunha a fé no nosso Deus. Da
ecologia, depende não só a economia, mas, também, a teologia. A casa que
pensamos e queremos determina qual é o Deus ao qual nossa casa deve ser fiel. É
nossa fidelidade ao Deus dos pobres.
Este testemunho de
fidelidade ao Deus dos pobres, aos pobres de Deus e a terra que é de Deus e de
todos, levou inúmeras companheiras e companheiros a amar até o fim, até
derramar seu sangue. São os mártires/testemunhas que as igrejas nunca devem
esquecer. Entre eles, celebramos a memória de São Sepé Tiarajú.
A
“casa grande” em nossas cabeças e em nossos corações
Ao lutarmos com
dedicação pela vida da TERRA, precisamos, no mesmo tempo, cuidar de alimentar
uma mística adulta e sólida que nos ajude, não só a derrotar o faraó que nos
oprime, mas, também, a vencer o “faraozinho” que carregamos dentro de nós e de
nossas organizações e contra o qual ninguém foi ainda vacinado.
Os movimentos e as
organizações populares, às vezes se deixam levar na conversa dos interesses
partidários; muitas lideranças, também, acabam aceitando, como inevitáveis, os
esquemas de corrupção, disputam ferozmente cargos de confiança e acreditam,
simplesmente, que a maneira de sair da senzala é entrar a fazer parte da casa
grande. “Agora chegou a nossa vez” dizem.
Nossas igrejas, muitas
vezes, seguiram e seguem a lógica da casa grande e da senzala que deturpou
nossas relações: templos, altares, sacrifícios, hierarquias, governos são coisa
da casa grande, de um sacro-negócio blasfemo e diabólico, o mesmo que,
aliado ao império opressor, condenou à morte Jesus de Nazaré.
O evangelho do Reino
de Deus nos convida a fazer a diferença dentro e fora da igreja: casa, mesa,
pão repartido e serviço devem substituir templos, altares, sacrifícios e
dominações. Foi isso que Jesus celebrou na ceia. É isso que devemos continuar
testemunhando em memória dele e de seu martírio.
Pão repartido quer
dizer terra repartida, bens partilhados, luta contra toda concentração, contra
o latifúndio excludente, devastador e violento. É a defesa da vida contra todas
as formas de escravidão, mesmo as que são mascaradas de crescimento e são
chamadas de mercado.
Pão repartido é crer
que nossa casa é uma oca comum ou, usando a linguagem bíblica, uma “tenda”. Nem
palácios, nem templos, nem quartéis, nem armazéns, nem bancos, nem especulações
financeiras.
Vamos repetir uma vez
mais: a palavra faraó significa “casa grande”.
O nosso Deus, o Deus
dos nossos pais e das nossas mães, o/s deus/es dos nossos povos ancestrais
nunca estará na casa grande, apesar dos templos gigantescos que eles
construíram e continuarão construindo.
Iahweh será sempre o Deus
dos hebreus, dos marginalizados que só querem viver em paz, podendo desfrutar
do fruto da terra e do seu trabalho, do pão e do vinho que ofertamos ao Senhor
para que seja sempre de todos e de todas.
Ecologia
e Reino de Deus
Mesmo sabendo que os
textos bíblicos nunca usam a palavra ecologia que nem está no dicionário grego
e mesmo sabendo que a palavra reino parece ser tão obsoleta em nossos tempos
considerados democráticos, precisamos aprofundar mais um pouco o que é o centro
do anúncio de Jesus: O tempo se completou e chegou o reino de Deus,
mudai de pensamento e acreditai no evangelho (Mc 1,15).
A justiça do Reino que
deve ser procurada em primeiro lugar (Mt 6,33) é uma proposta clara, uma
proposta cuja vivência levou Jesus à perseguição e ao martírio.
A vida dos
pequenininhos deve estar sempre em primeiro lugar. Ela vale mais do que a lei,
mais do que o templo, mais do que os interesses do mercado e do império.
A lógica econômica é
aquela da mesa, do dividir, dar e distribuir e não aquela do mercado, do
comprar e vender.
As relações políticas
estão marcadas pelo serviço e pelo dar a vida e não pelo domínio e pela
opressão.
Esta é a casa que
Jesus quis edificar: uma casa muito diferente do palácio de Herodes, do quartel
de Pilatos, da sinagoga dos escribas e do templo dos sumos sacerdotes.
Uma casa onde
encontram a cura a sogra de Pedro, o criado do centurião, a filha da mulher
siro-fenícia; uma casa destelhada para que o paralítico possa ser descido até
diante de Jesus. Uma casa onde Jesus come com os publicanos e os pecadores; uma
casa onde Jesus "acorda" a menina de doze anos, e manda dar-lhe de comer.
Uma casa na qual a
família não é constituída por vínculos de sangue: irmãos, irmãs e mãe de Jesus
são todos e todas que sentam ao redor dele e fazem a vontade do Pai. Uma casa
na qual o profeta não é honrado pelos seus (Mc 6,4).
É a casa onde Jesus desafia
os discípulos colocando-os diante de um menino: quem quiser ser o primeiro seja
o último e o escravo de todos. A casa onde Jesus provoca os discípulos a
colocar os direitos das mulheres na frente dos deles.
É a casa de Simão, o
leproso, onde a unção de uma anônima mulher o consagra e lhe dá a coragem de
enfrentar a morte: único evangelho a ser anunciado em todos os lugares da
terra, em memória dela: aos pobres terão que fazer o bem.
É a casa indicada pelo
escravo, carregador de água, na qual o grupo de Jesus celebrará a sua Páscoa: o
memorial vivo de Jesus que substituiu definitivamente o templo com a casa,
substituiu o altar com a mesa e substituiu os sacrifícios com o pão e o vinho
repartidos entre todos.
Uma casa e uma mesa na
qual Jesus está como aquele que serve, como aquele que lava os pés.
Uma casa, uma mesa, na
qual Jesus poderá ser reconhecido ao partir o pão.
E, por fim, uma casa,
Betânia, a casa dos oprimidos, o último lugar onde Jesus vai conduzir seus
discípulos antes de ser elevado ao céu.
Esta é a “ecologia” do
Reino: o discurso/logos que os evangelhos fazem sobre a casa/oikos.
A
economia a serviço da casa
A economia, as leis da
casa, a administração da casa é o compromisso de ajudar a viver conforme o
projeto de casa na qual queremos viver. É impossível separar a economia da
ecologia. Quem faz isso precisa reduzir a ecologia a uma relação mais ou menos
sustentável com o quintal.
Aí a casa deixa de ser
o referencial. O referencial último e definitivo é o mercado. E, no nome dele e
na obediência a ele, tudo é justificado ou justificável.
É aqui que nós, os
que, com a força do Espírito Santo, queremos ser discípulos e missionários de
Jesus, precisamos fazer a diferença. Temos que ter claro que quando
denunciamos e combatemos o desmatamento, o agronegócio, os agrotóxicos, o
latifúndio, a contaminação, a mineração colonialista, a pesca predatória, as
barragens, o trabalho escravo, as megalópolis estressantes, a violência, o
narcotráfico, a corrupção do estado, em todos os seus poderes, o fazemos
movidos por profundas razões místicas: porque acreditamos firmemente que em
toda a criação circula uma única vida, a vida de Jesus:
Ele é a imagem do Deus invisível,
o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos
céus e na terra, as visíveis e as invisíveis (...). Tudo foi criado por
ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas as
coisas subsistem por ele (Cl
1, 15-17).
Este projeto cósmico
universal que envolve tudo o que existe a partir de uma única vida é a oikoumene que
nós queremos, na qual habitamos e que queremos fortalecer.
Querer que ao nome de
Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da
terra e que toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor (Fl
2,10s) é viver numa só casa, é o ecumenismo que
move nossas relações.
Pôr-se a serviço de todas e de
todos, para que todas e todos tenham vida e a tenham em abundância, sem nenhuma
exclusão de religião, de bandeira, de raça, de classe, porque o único senhor
diante do qual queremos nos ajoelhar é a ecologia que queremos
defender e testemunhar com toda a nossa vida: é a casa em que queremos nos
encontrar.
Olhar para os pássaros do céu,
para as flores do campo, não nos deixando enganar pelos armazéns e pelas roupas
suntuosas dos magnatas dos bancos, das indústrias, da mineração, do agro e do
hidro-negócio, da corrupção é nosso maior critério de economia:
Ninguém pode servir a dois
senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom (...). Não andeis, pois,
angustiados, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?
Porque todas estas coisas as nações procuram. O vosso Pai celestial bem sabe
que necessitais de todas estas coisas; buscai primeiro o reino de Deus e a sua
justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mt 6,24, 31-33)
Parecem palavras de um
louco, palavras que poucos levaram a sério em 20 séculos de história. Palavras
que nações e igrejas, muitas vezes, esqueceram.
Que esta nossa Romaria seja
marcada pela renovação do nosso compromisso com a ecologia da Terra sem Males.
[1] Esta
é a tradução literal dos verbos que estão em Gênesis 2,15 e que nossas bíblias
costumam traduzir com “cultivar” e “cuidar”.
Sandro Gallazzi
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