O texto que segue é a exposição de Maurício Queiroz, da Coordenação da CPT-RS, no Seminário Internacional de Soberania e Segurança Alimentar e Sementes Crioulas ou “Plenária Internacional sobre Produção, Circulação e Comercialização dos Alimentos numa perspectiva Ética, Solidária, Ecológica e Sustentável no cuidado da Vida no Planeta Terra, com o Solo, a Água, as Sementes e o Consumo Solidário”, organizado pela Cáritas no dia 19/07/2014, durante a 21ª FEICOOP - Feira Internacional do Cooperativismo, que ocorreu entre os dias 18 a 20 de julho de 2014, no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, em Santa Maria - RS - Brasil.
As Sementes e o Problema da Fome Mundial
Quem pensa que a temática das sementes crioulas não tem nada a ver com o problema da fome mundial está muito enganado, pois tem tudo a ver sim. O problema que envolve a extinção das sementes crioulas é diretamente proporcional ao problema da fome no planeta.
Todos sabemos que dos 7 bilhões de habitantes do planeta, cerca de 1bilhão passa fome, fome de não ter o que comer. Sabemos também que nunca se produziu tanto “alimento” como na atualidade (ou seja produz-se “alimentos” para 12bilhões), o problema está na má distribuição deste “alimento”. Resumindo, se passa fome por não ter dinheiro para comprar o alimento, por que o “alimento” virou mercadoria no mundo capitalista.
Só para lembrar: respirar oxigênio, beber água, alimentar-se e ter onde morar dignamente são direitos humanos inalienáveis, inegáveis. Não podem ser vendidos, são inerentes a vida!
A outra fome, uma fome mais moderna e que também preocupa muito é a fome de comida, verdadeiramente comida. As pessoas estão de barriga cheia, mas não alimentadas, por isso estão doentes. Isso por que, se come mercadoria e não comida verdadeiramente.
Onde entram as Sementes Crioulas?
As Sementes Crioulas são a base da produção dos alimentos do planeta, a partir delas é possível produzir comida, verdadeiramente comida. Acontece que estas sementes crioulas, estão em um drástico processo de extinção há décadas, da mesma forma que estão sofrendo um processo de extinção e exclusão terrível os camponeses e camponesas que são os verdadeiros donos e guardiões destas sementes, se os pequenos agricultores desaparecerem adeus sementes crioulas. Adeus possibilidades de termos alimentos próximos de nós e de qualidade.
As empresas controlam a comida, controlando as sementes, o exemplo mais claro, a multinacional americana Monsanto detém mais de 70% do controle das sementes de milho do planeta. Em resumo, as empresas que controlam as sementes controlam a comida. Ficaremos comendo produtos de mercado, puro veneno, transgênicos e pagando o preço que eles querem. É a nossa vida que está em jogo.
Fortalecer a agricultura camponesa, com homens, mulheres e jovens através de uma Reforma Agrária que é capaz de Repartir o Chão para Multiplicar o Pão, é o caminho, com agroecologia e sementes crioulas, resgate da cultura e dos alimentos tradicionais e regionais.
Mas o povo está reagindo! Um exemplo concreto é os Bancos de Sementes Crioulas, Casas de Sementes, Sementes da Paixão, etc. Com o objetivo de fortalecer estas iniciativas em 2010 e 2011 a Cáritas- RS disponibilizou recursos proporcionando o intercâmbio e aproximação destas experiências. Com isso se criou a Rede Latino Americana de Sementes Crioulas, que é uma articulação on-line destas experiências, intercambiando suas experiências se fortalecendo mutuamente.
A CPT Diocesana vai realizar no dia 27 de agosto de 2014, o 14º Encontro Diocesano de Sementes Crioulas em Santa Cruz do Sul e vai priorizar a reunião de todas estas experiências durante o encontro.
Te esperamos no Encontro de Sementes Crioulas!
Abraços.
Maurício Queiroz
Mais notícias de todos os eventos da 21ª FEICOOP nos sites:
esperancacooesperanca.org.br
rs.caritas.org.br
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