Nós, cristãos e cristãs, que professamos a fé, nas diferentes formas do Cristianismo - católica romana, luterana, anglicana, presbiteriana, batista, metodista -, e buscamos a unidade na diversidade, nos encontramos para celebrar o nosso caminhar. Aconchegados no calor do encontro e com grande alegria, estivemos reunidos, nos dias 26 a 28 de agosto de 2011, na cidade de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, Brasil, no Mutirão Ecumênico - Sulão. Leia Mais...
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Terras indígenas paraguaias são ameaçadas por pecuaristas brasileiros
Terras indígenas ancestrais do Paraguai estão sofrendo ameaças por parte de pecuaristas brasileiros que se recusam a devolver o território pertencente ao povo indígena isolado Ayoreos, que recebeu título de propriedade da terra em 2010. A menos que o governo paraguaio lhes permita desmatar uma grande área de terras adjacentes, os grandes pecuaristas não devolverão a terra aos seus donos originais. A área fica no extremo norte do Paraguai na fronteira com Brasil.
As empresas têm causado grandes estragos na região, situação que tem expulsado várias tribos de seus locais de origem. Somente este ano, as empresas brasileiras pecuárias BBC S.A e River Plate S.A foram flagradas em duas ocasiões devastando a área. Quase quatro mil hectares de terra foram desmatadas na região que é habitada por tribos indígenas isoladas.
A ação só foi descoberta por conta das imagens via satélite divulgadas pela organização em favor dos povos indígenas Survival Internacional, que resultou na abertura de um processo contra as empresas acusadas de extrair madeira ilegal. Essa semana, novas imagens foram divulgadas. As imagens via satélite têm ajudado na identificação dos criminosos.
O diretor da Survival, Stephen Corry, declarou ser uma vergonha que um governo nacional torne-se refém de um pequeno grupo de empresários sem escrúpulos. "O governo paraguaio deve reafirmar a sua autoridade, reconhecendo e defendendo o direito dos Ayoreo às suas terras e recursos”, enfatizou, pedindo também que as autoridades hajam preventivamente e não depois das ocupações e desmatamentos.
O sofrimento e perseguição às tribos indígenas no Paraguai não é de agora. Há um ano, o cacique Saturnino González da tribo da etnia Mbyá Guaraní, e mais trinta famílias que habitavam a tribo assistiram em silêncio a ação da polícia nacional, a mando do pecuarista Alberto Soljancic, que expulsou as famílias e queimou toda sua produção. Sem alternativa de sobrevivência, as famílias saíram em busca de um pedaço de terra para morar e plantar, no entanto, a peregrinação acabou por desintegrar toda a comunidade.
Segundo informações do periódico Nova Paraguay, algumas famílias se uniram a outras comunidades, enquanto o cacique Saturnino González com sua família conseguiu um lugar para armar o rancho num pequeno espaço cedido pelos Spajin, na Colônia Manitoba, distrito de Tacuatí, Departamento de San Pedro.
O artigo 64 da Constituição paraguaia é claro quando diz que "os povos indígenas têm direito à propriedade comunitária e a terra, em extensão e qualidade suficiente para a conservação e desenvolvimento de suas formas peculiares de vida”. Contudo, o abandono a que está submetida essa parcela da população paraguaia mostra que a Carta Magna do país está se transformando em letra morta.
O Instituto Indígena de Paraguai declarou, recentemente, que 34 mil hectares de terras foram comprados de pecuaristas para serem entregues aos Ayoreo, e o que falta no momento é fixar uma data para que seja feita a entrega da terra. Já de acordo com a Survival, as negociações com algumas empresas brasileiras, como a Yaguarete Pora, não evoluíram porque os grandes proprietários não querem revender as terras.
Fonte: Adital/EcoAgência
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Carta do 21º SEMINÁRIO ESTADUAL DE ALTERNATIVAS À CULTURA DO FUMO
21º SEMINÁRIO ESTADUAL DE ALTERNATIVAS À CULTURA DO FUMO
3º INTERESTADUAL SUL (PR,SC,RS)
Tema: A realidade da Agricultura Camponesa com Políticas Públicas e Reforma Agrária
Lema: A Criação Geme: da Semente de Indignação Brota Esperança e Vida.
Local: Salão Paroquial da Paróquia São Cláudio, Cortado, Novo Cabrais, RS.
Data: 25 de agosto de 2011
Nós, mais de 400 participantes da Arquidiocese de Santa Maria/RS, Cáritas/RS, Comissão Pastoral da Terra/RS, representantes de 35 municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, de várias Entidades e Organizações Sociais, Agricultores Familiares, Camponeses, Diaristas, Estudantes, Gestores Públicos, Autoridades Políticas, Pastorais Sociais, Movimentos Populares, Comunicadores, Igrejas, Sindicatos, Cooperativas, Associações, Fumicultores, Educadores e Agentes de Saúde entre outros, participantes do 21º Seminário Estadual e 3º Interestadual de Alternativas à Cultura do Fumo, queremos, fazendo uso desta carta, manifestar nossas constatações e preocupações acerca da realidade da Agricultura Familiar e Camponesa e propor ações que visem fortalecer e possibilitar a permanência do agricultor no campo. Vale ressaltar que nesses 21 anos de realização dos Seminários, muitas experiências foram partilhadas e inúmeras ações foram desenvolvidas que nos animam a intensificar a luta em substituição à monocultura do fumo.
CONSTATAMOS QUE:
- A realidade da Agricultura Familiar e camponesa passa por um processo de decadência, de transformação;
- O modelo agrícola baseado no agronegócio, transforma os alimentos em pura mercadoria;
- A capacidade de investimento por parte do Agricultor Familiar camponês está completamente esgotada;
- O trabalho escravo e análogo à escravidão é comum em processos de produção integrada;
- O esvaziamento e envelhecimento do campo é uma realidade gerada com a ida dos agricultores, em especial dos jovens, para os grandes centros urbanos;
- O esvaziamento do campo inviabiliza a Segurança e Soberania Alimentar do Brasil, uma vez que 70% dos alimentos são produzidos pela Agricultura Familiar Camponesa;
- As políticas agrícolas não são compatíveis à realidade da pequena propriedade;
- A legislação (ambiental, fiscal, tributária, sanitária,...) inviabiliza a atividade da Agricultura Familiar e Camponesa e a regularização da Agroindústria Familiar ;
- A inexistência de política de Reforma Agrária como instrumento de eficiência e eficácia na produção de alimentos;
- O alto percentual l- 35%- dos produtores de fumo são sem terra (meeiros, arrendatários, sócios, parceiros);
- A baixa escolarização, 80% dos fumicultores tem o ensino fundamental incompleto;
- A cadeia produtiva do fumo, bem como as demais cadeias produtivas integradas inviabilizam a organização e articulação dos produtores;
- Há a necessidade de mais e maiores atividades de formação e conscientização sobre a problemática da fumicultura, a exemplo dos Seminários de Alternativas à Cultura do Fumo que há 21 anos vem apontando Alternativas de Diversificação e Reconversão Produtiva das lavouras de fumo;
- O consumo do tabaco leva à morte mais de 200 mil brasileiros e mais de 5 milhões de fumantes no mundo por ano;
- O uso contínuo de agrotóxicos contribui para a geração de doenças como a depressão, levando também à má formação congênita de fetos, além de contaminar os solos, a água e problemas crônicos de saúde.
A PARTIR DESSAS CONSTATAÇÕES, PROPOMOS:
- Políticas Públicas diferenciadas que favoreçam a diversificação produtiva, principalmente a produção de alimentos orgânicos, estimulando a permanência das famílias no campo;
- Realização de uma Reforma Agrária efetiva e eficaz que garanta o acesso a terra e aos recursos mínimos necessários para a produção e diversificação de alimentos e a Sustentabilidade Ambiental;
- Assessoria Técnica e capacitação para que os fumicultores promovam a reconversão e diversificação de sua produção;
- Reabertura e fortalecimento das escolas rurais, voltadas à agricultura, com tempo integral;
- Estímulo à agroecologia, com apoio financeiro (e de fácil acesso) aos grupos de produção, criação de Agroindústrias Familiares, realização de Feiras de Economia Solidária e Feiras Ecológicas da Agricultura Familiar além do fortalecimento do mercado Institucional das compras governamentais como: PAA, Restaurantes Popular, Cozinhas Comunitárias, Merenda Escolar, Presídios entre outros;
- A desburocratização para o acesso aos recursos públicos que visem formação, capacitação sistematização e divulgação de experiências de produção agroecológica inseridos na Economia Solidária;
- O direito e condições de acesso à comunicação alternativa (internet, rádios e jornais comunitários,...) no campo;
- Incentivo e destinação de recursos públicos para a produção e comercialização de Sementes Crioulas (bancos de sementes) com a inclusão das sementes crioulas no sistema Troca-Troca e Seguro Agrícola;
- Realização dos Seminários de Alternativas à Cultura do Fumo; em outras regiões do país onde existe o cultivo do fumo;
- Promoção de estudos e pesquisas sobre os malefícios do tabaco e divulgação dessas informações;
- A constituição de grupo de trabalho para a realização de um mapeamento do número de famílias que deixaram de produzir o tabaco ou estão em processo de Reconversão Produtiva;
DE COMUM ACORDO DECIDIMOS QUE:
- Cada Diocese participante dos Seminários Regionais de Alternativas ao Cultivo do Tabaco, fará um levantamento de quantas famílias e/ou grupos de fumicultores, estão trabalhando novas alternativas que lhes foi possível e viável abandonar a produção de fumo e o consumo da Tabaco. A divulgação será no 22º Seminário de Alternativas ao Fumo a ser realizado na Diocese de Santa Cruz do Sul, no Município de Dom Feliciano , em 23 de agosto de 2012 ;
- Quando do 2º Fórum Mundial e a 2ª Feira Mundial de Economia Solidária em Santa Maria/RS de 11 a 14 de julho de 2013, será realizado um SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ALTERNATIVAS À CULTURA DO FUMO, junto com as Entidades, Países, e Parceiros da Convenção Quadro, 1º Acordo Mundial de Saúde Pública com a participação de um grande número de países que Retificamos a Convenção-Quadro;
- O Seminário proposto, será trabalhado pela Visão e Eixo da Economia Solidária “POR UM MUNDO SEM TABACO” e por “UM MODELO DE DESENVOLVIMENTO SOLIDÁRIO, SUSTENTÁVEL E TERRITORIAL”, Integrado à perspectiva da Economia Solidária e Políticas Públicas.
Cortado, Novo Cabrais/RS/Brasil, 25 de agosto de 2011.
“MUITA GENTE PEQUENA, EM MUITOS LUGARES PEQUENOS, FAZENDO COISAS PEQUENAS, MUDARÃO A FACE DA TERRA”.
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
O lado avesso da Expointer 2011. Entre o bem-estar dos animais e o mal-estar das/os trabalhadoras/es rurais
"Esteio, RS, sede da Expointer, se transforma num santuário para onde acorre uma outra romaria da terra, bem diferente daquela que a CPT e outras organizações populares defensoras das/os pobres do campo organizam todos os anos. As orações ali se dirigem a um outro deus, conhecido por mercado. O ritmo da preparação e da realização da festa que o cultua, é dotado de um apoio logístico e de uma agilidade bem mais eficientes das que se observam na fila dos hospitais", escreve Jacques Távora Alfonsin, advogado do MST e procurador aposentado do estado do Rio Grande do Sul.
Jacques Alfonsin é mestre em Direito, pela Unisinos, onde também foi professor. É membro da ONG Acesso, Cidadania e Direitos Humanos e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES.
Leia o artigo completo no site IHU Unisinos
domingo, 21 de agosto de 2011
Mutirão Ecumênico 2011 sobre Ecologia
Este será o 6° encontro de Agentes para o Ecumenismo, que até então se chamava “SULÃO”, por abarcar os estados do sul do Brasil – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – mais o estado de São Paulo. Realiza-se a cada dois anos, alternando o estado anfitrião.
Inicialmente organizado e destinado aos agentes ecumênicos da Igreja Católica Romana – ICAR, eram convidadas as demais denominações cristãs, oferecendo formação e oportunidade para compartilhar experiências.
Nas últimas edições a organização e os destinatários se ampliaram para além da ICAR, chamando para organizar o evento, igrejas cristãs, entidades ecumênicas, movimentos eclesiais, tendo como destinatárias todas as pessoas interessadas na promoção do ecumenismo.
Devido a ampliação de parceiros, o encontro passou, nesta edição, a ser chamado de “Mutirão Ecumênico – Sulão VI”.
PROMOÇÃO:
CONIC/RS – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
CNBB/RS – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CLAI – Conselho Latino Americano de Igrejas
REALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO:
Igrejas cristãs (Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB)
Entidades Ecumênicas
CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
CECA – Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria
CEPA – Centro de Espiritualidade Padre Arturo
SICA – Serviço Interconfessional de Aconselhamento
REJU – Rede Ecumênica de Juventude
Grupos Ecumênicos das cidades de Esteio, São Leopoldo, Novo Hamburgo.
Movimento dos Focolares
Trilha Cidadã
Instituições de Ensino
Faculdades EST
ESTEF – Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana – RS
PUC – Pontifícia Universidade Católica do RS.
Objetivos
Geral
Reunir 300 agentes envolvidos com o serviço e/ou a promoção ecumênica dos estados de SP, PR, SC e RS para celebrar, conviver, trocar experiências e aprofundar a compreensão do ecumenismo, animando-os a continuar a caminhada ecumênica dentro e fora do espaço eclesial.
Específicos
• Mostrar os avanços na busca de unidade das igrejas;
• Dar visibilidade às ações e serviços ecumênicos;
• Incentivar a Unidade, o Testemunho e a Diaconia;
• Refletir sobre o Meio Ambiente e a defesa da Criação;
• Reunir propostas de ações conjuntas na defesa da Criação;
• Celebrar os avanços da caminhada ecumênica.
Neste ano, o evento será realizado nos dias 26, 27 e 28 de agosto, no Centro Mariápolis, em São Leopoldo (RS). Todas e todos estamos convidados a refletir a temática "Unidos em Cristo na defesa da criação" e o lema "A criação espera com impaciência a manifestação dos filhos de Deus", cuja inspiração vem da Palavra de Deus (Rm 8:19).
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
21º Seminário Estadual de Alternativos do Fumo
Paróquia São Cláudio - 25 de agosto de 2011
Tema: A Realidade da Agricultura Camponesa com Políticas Públicas e Reforma Agrária
Lema: A Criação Geme: Da Semente de Indignação Brota Esperança e Vida
PROGRAMAÇÃO:
08 horas - Acolhida e credenciamento
09 horas - Apresentação - Mística
10 horas - Painel: A Realidade da Agricultura Camponesa
Prof. Dr. Dinarte Belato - UNIJUI e Teresinha Ruzzarin - CPT/RS
l2h3Omin - Almoço
13 horas - Momento artístico Lúdico Cultural
l3h3Omin - Relato Agricultor(a): Experiências Alternativas
l4h3Omin - PAINEL: Polfticas Públicas e Reforma Agrária
MDA - Governo do Estado / RS - Secr. da Agricultura Ivar Pavan
l5h3Omin - Leitura da Carta do Encontro do 21º Encontro Alternativa de Fumo.
16 horas - Apresentações Culturais e Encerramento.
Se você esta interessado em participar e saber maiores informações é só entrar em contato com o frei Lírio Hartmann (51) 9809 0370 ou Paróquia São Cláudio (51) 3746 1014.
Tema: A Realidade da Agricultura Camponesa com Políticas Públicas e Reforma Agrária
Lema: A Criação Geme: Da Semente de Indignação Brota Esperança e Vida
PROGRAMAÇÃO:
08 horas - Acolhida e credenciamento
09 horas - Apresentação - Mística
10 horas - Painel: A Realidade da Agricultura Camponesa
Prof. Dr. Dinarte Belato - UNIJUI e Teresinha Ruzzarin - CPT/RS
l2h3Omin - Almoço
13 horas - Momento artístico Lúdico Cultural
l3h3Omin - Relato Agricultor(a): Experiências Alternativas
l4h3Omin - PAINEL: Polfticas Públicas e Reforma Agrária
MDA - Governo do Estado / RS - Secr. da Agricultura Ivar Pavan
l5h3Omin - Leitura da Carta do Encontro do 21º Encontro Alternativa de Fumo.
16 horas - Apresentações Culturais e Encerramento.
Se você esta interessado em participar e saber maiores informações é só entrar em contato com o frei Lírio Hartmann (51) 9809 0370 ou Paróquia São Cláudio (51) 3746 1014.
Entidades ambientalistas defendem plebiscito sobre Código Florestal
Foto: Ramiro Furquim - Sul21 |
Debate sobre Código Florestal lotou auditório da Faculdade de Direito da Ufrgs
O blog da CPT RS reproduz a reportagem de Felipe Prestes do Portal Sul 21 para ajudar a divulgar a luta, da qual fazemos parte, contra as mudanças do Código Florestal.Um auditório lotado, na Faculdade de Direito da Ufrgs, reforçou na noite desta segunda-feira (15) a mobilização contra o novo Código Florestal, redigido pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Quatro defensores do atual Código Florestal participaram de debate em que defenderam que a agricultura familiar não tem sido prejudicada pelas regras vigentes, mas sim pela falta de políticas públicas que auxiliem os camponeses a trabalhar nas áreas de preservação e reservas legais. Eles defenderam, também, que as mudanças na legislação ambiental devem ser submetidas à consulta popular.
“Nem as Áreas de Preservação Permanente (APPs) nem as reservas legais são intocáveis”, explicou o advogado Marcelo Mosmann, do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (Ingá). Ele lembrou que nestas áreas pode ser feito o manejo florestal e outros usos sustentáveis da terra. Na mesma linha, o engenheiro agroflorestal Luis Zarref, da Via Campesina, mostrou exemplos de plantações de milho, feijão, arroz, entre outros alimentos em APPs e em reservas legais. “As reservas legais são áreas de uso sustentável”, destacou.
Seguundo Zarref, nunca houve uma política para estimular o agricultor a ter reserva legal e utilizá-la de forma adequada. O engenheiro lembrou que as regras estabelecidas pelo atual Código Florestal, de 1965, ficaram quase que sem fiscalização até a Rio-92. A partir dali, começou a haver apenas o aumento da repressão e da punição. “Isto colocou os pequenos agricultores do lado dos grandes”, disse.
Zarref contou que é comum ouvir pequenos agricultores chamarem suas reservas legais de “área do IBAMA”, tratando-as como algo que deve permanecer intocado. Isto porque não há um estímulo para o uso da área de floresta. “O camponês é alienado de sua relação com a floresta”. O engenheiro afirmou que a Via Campesina defende um “efetivo apoio” ao manejo florestal. Este apoio incluiria, por exemplo, a garantia da compra de produtos oriundos das florestas, como o governo federal faz com vários produtos agrícolas. “Sem nenhum apoio, o Brasil gerou R$ 3,9 bilhões com o manejo florestal. Imagina se tivéssemos o apoio técnico e financeiro que tem o agronegócio?”.
Críticas a anistia e flexibilização das reservas legais
Mais apoio do poder público aos agricultores também cobrou o professor de Biologia da Ufrgs, Valério Pillar, para restauração do bioma nativo nas propriedades rurais que já não possuem reserva legal, ao invés de anistiar o desmatamento como vem sendo posto pelo texto do novo Código Florestal em discussão no Senado. “Os proprietários têm que se adequar à lei, com um determinado prazo e apoio do Estado”, defendeu.
Na Amazônia, segundo Pillar, as propriedades que possuem até quatro módulos (o equivalente, em média, a 400 hectares) ficarão livres de ter reserva legal. Seu colega, também professor de Biologia da Ufrgs, Paulo Brack, ressaltou que desmatamento na Amazônia poderia até mesmo agravar as secas no Rio Grande do Sul. “A diminuição das reservas legais na Amazônia pode afetar o RS, porque um terço das chuvas que ocorrem no Estado provém de nuvens vindas de lá”.
Outra flexibilização bastante criticada por Valério Pillar diz respeito às reservas legais. A atual legislação diz que o proprietário de terra precisa ter reserva legal na mesma microbacia que sua propriedade. O novo código afirma que a reserva precisará estar apenas no mesmo bioma. Assim, um agricultor gaúcho, por exemplo, com propriedade em área de mata atlântica, poderá ter reserva legal na Bahia. Isto retira, segundo Pillar, a função da reserva legal de garantir que todas as regiões tenham várias pequenas áreas preservadas, permitindo a sobrevivência das espécies.
“Estamos perdendo a possibilidade de termos paisagens agrícolas mais biodiversas. A perda de habitat é a maior causa da extinção de espécies e é o que esta fragmentação das reservas legais causará”, disse.
Para Luis Zarref novo código pode ocasionar êxodo rural | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O integrante da Via Campesina Luis Zarref prevê que esta mudança na legislação pode causar nova onda de êxodo rural. Isto porque se os grandes proprietários de terra não precisarem manter reservas legais em áreas próximas a sua propriedade, irão procurar terras baratas para estabelecer reservas, assediando indígenas e quilombolas, por exemplo. “Como um quilombola da Bahia vai resistir ao assédio de um latifundiário do Paraná?”, questiona.
Luis Zarref disse acreditar que a mudança no Código Florestal é apenas o começo de uma série de pautas da bancada ruralista. Para ele, a questão do código é um “tiro alto” dos ruralistas para marcar posição e ganhar força por mais mudanças. “Não está em disputa apenas o código. A bancada ruralista tem toda uma pauta de destruição da função social da terra”, disse. “Se eles conseguirem destruir o Código Florestal o que não podem fazer com o Estatuto da Terra ou a Lei de Terras Indígenas?”, completou.
Entidades defendem plebiscito
O professor de Biologia da Ufrgs, Paulo Brack, leu a chamada “Carta de Porto Alegre”, do Fórum Gaúcho em Defesa do Código Florestal, que aglutina entidades em torno deste objetivo e foi a entidade organizadora do debate junto com o Instituto de Biociências da Ufrgs. Na carta, as entidades signatárias apontam que o debate sobre o novo código florestal excluiu as posições da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e de várias outras instituições, além de ter utilizado agricultores familiares como “massa de manobra”.
As entidades afirmam no texto que aceitam aperfeiçoamentos no atual código para beneficiar a agricultura familiar ou para garantir a soberania alimentar, mas não o novo código, que consolida a degradação do meio-ambiente. A Carta de Porto Alegre defende ainda a realização de um plebiscito a respeito do Código Florestal. “A maior parte da população não quer as mudanças como estão sendo propostas. Plebiscito já”, declarou Brack.
Fonte: Portal Sul 21
Fonte: Portal Sul 21
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Do latifúndio ao agronegócio. A concentração de terras no Brasil. Entrevista especial com Inácio Werner
"A concentração de terras traz um reflexo direto para a agricultura familiar. Enquanto a média nacional de apropriação é de 33,92% dos recursos, em Mato Grosso esta fatia cai para 6,86%", aponta o coordenador do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento.
A concentração desequilibrada de terras está na raiz da história brasileira. O antigo latifúndio, responsável pelas extensas propriedades rurais, “se renovou e hoje gerencia um moderno sistema chamado agronegócio”, constata Inácio Werner, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Segundo ele, apenas no Mato Grosso, um dos principais polos do agronegócio no país, a má distribuição da terra é evidente e tem se tornado uma das principais causas de conflitos sociais. No total, “3,35% dos estabelecimentos, todos acima de 2.500 hectares, detém 61,57% das terras. Na outra ponta, 68,55% dos estabelecimentos, todos até 100 hectares, somente ficam com 5,53% das terras”.
Nos últimos 10 anos, 114 pessoas foram ameaçadas e seis foram assassinadas por combater o monopólio do campo. Na avaliação do sociólogo, o Estado não dispõe de uma política pública eficiente de proteção às vítimas porque é “forçado a tomar posição e enfrentar aliados”.
Na entrevista, no site IHU Unisinos, Werner também comenta a estrutura política do Mato Grosso e fala das articulações entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-governador,Blairo Maggi (PR), que está na “linha de frente do modelo do agronegócio”.
Inácio José Werner é graduado em Ciências Sociais pelas Faculdades Integradas Cândido Rondon – Unirondon e especialista em Movimentos Sociais, Organizações Populares e Democracia Participativa pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Foi Agente de Pastoral da Paróquia do Rosário e São Benedito, e posteriormente da Comissão Pastoral da Terra – CPT. Atualmente, é coordenador do projeto Rede de intervenção social do Centro Burnier Fé e Justiça, com sede em Cuiabá. Atua na luta pela erradicação do trabalho escravo, coordena o Fórum de Erradicação do Trabalho Escravo e participa da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo – Coetrae e do Conselho Gestor do Fundo de Erradicação do Trabalho Escravo – Cegefete. Integra ainda a coordenação do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Clique AQUI e confira a entrevista no site IHU Unisinos
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